Açoriano Oriental
Empresários açorianos alertam para efeitos do fim do PRR na economia e no emprego

Presidente da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores receia aumento do desemprego a partir de 2026, se não for acautelada a transição após o fim da execução do PRR

Empresários açorianos alertam para efeitos do fim do PRR na economia e no emprego

Autor: Rui Jorge Cabral

A Câmara do Comércio e Indústria dos Açores está preocupada com o impacto na economia açoriana do fim da execução dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), alertando mesmo para a possibilidade do aumento do desemprego a partir de 2026.

Por isso, os empresários consideram “fundamental perspetivar esta transição”, bem como acautelar o aumento da despesa pública que irá decorrer da manutenção de “infraestruturas e outros projetos financiados pelo PRR”.

No fundo, o alerta da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores pretende evitar que se repita, ainda que em menor escala, o que aconteceu durante a chamada crise da ‘troika’, entre 2012 e 2014, que coincidiu o fim de um ciclo de grandes obras públicas, que culminaram com a SCUT de São Miguel.

Nessa altura, recorde-se, a travagem abrupta da atividade económica nos Açores fez disparar o desemprego para níveis históricos, a exemplo do aconteceu também a nível nacional.

Em declarações ao Açoriano Oriental, o presidente da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores, Mário Fortuna, alerta que o PRR foi um programa “substancial”, com investimentos superiores a 700 milhões de euros nos Açores e “cuja execução vai intensificar-se” em 2025 e no início de 2026, sendo que a partir dessa altura, “acabam todos” esses investimentos de uma vez.

Para Mário Fortuna, será inevitável uma “quebra acentuada da procura” a partir da segunda metade de 2026, que é preciso “acautelar”, alertando as empresas para o fim do PRR e o Governo Regional porque “provavelmente, a taxa de desemprego poderá aumentar”, quando pararem obras e certos serviços. 

Um dos exemplos desta situação é o da transição energética, havendo atualmente empresas totalmente focadas na instalação de painéis solares e que “quando o Solenerge (sistema de incentivos do Governo com fundos do PRR) acabar, as empresas que se mobilizaram para a prestação deste serviço, vão ter de acautelar este fim de ciclo”, alerta Mário Fortuna.

Mas também a construção civil deverá ser bastante afetada pelo fim do PRR, podendo muitas empresas passar diretamente de uma situação em que reforçaram o seu pessoal devido à “procura intensa”, para uma situação de “muito pouca ou quase nenhuma procura”, afirma Mário Fortuna.

Mas outra questão que se coloca é a da exploração e manutenção dos investimentos que estão agora a ser feitos, com o presidente da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores a alertar para a necessidade de planear e prever financeiramente “o que vai acontecer a seguir”.

Isto porque, considera Mário Fortuna, “estamos a fazer investimentos consideráveis”, como são os casos dos navios elétricos, do navio oceanográfico, do tecnopolo Martec ou do Hospital Digital, em que “acabado o PRR, irá haver uma maior exigência no orçamento público”, aumentando a despesa e exigindo uma economia mais forte, capaz de gerar receita que alimente este aumento da despesa pública.

Refira-se que a Câmara do Comércio e Indústria dos Açores está a completar 45 anos de atividade, tendo emitido um comunicado, após reunião da sua direção, em que alerta para algumas situações de risco na economia açoriana.

Uma delas é a situação financeira do setor público empresarial regional. Nesse sentido, alerta a Câmara do Comércio e Indústria dos Açores em comunicado, “é necessária uma estratégia clara de privatização de um conjunto de entidades públicas, que têm conhecido uma gestão desastrosa, ao longo dos anos, com a racionalidade económica a ser substituída por agendas políticas que põem em risco a própria sustentabilidade da autonomia”.

Os empresários açorianos consideram ainda “positivo” que o Orçamento do Estado para 2025 tenha uma verba de 150 milhões de euros para a Região transformar dívida comercial em dívida financeira, “o pode contribuir para reduzir os atrasos nos pagamentos por parte do setor público às empresas privadas”, considerando mesmo esta “uma chaga que tem de ser rapidamente ultrapassada”.

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