Autor: AO Online/ Lusa
"O PPM condena, de forma veemente, a atuação de Marcelo Rebelo de Sousa em relação aos Açores no âmbito da luta contra a pandemia covid-19, em especial no que diz respeito à desumana imposição política de voos de soberania para a região, contra a vontade dos órgãos de governo próprio da região e em total desrespeito pelos mais elementares princípios de salvaguarda da segurança das populações no contexto de uma pandemia", diz Paulo Estêvão em nota enviada à imprensa.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, desloca-se hoje à ilha de São Miguel, nos Açores, onde irá visitar o concelho do Nordeste, o que registou mais casos e mais mortes por covid-19 no arquipélago.
O PPM lembra que, aquando do decretar do estado de emergência em Portugal, o chefe de Estado referia que "em caso algum pode ser posto em causa o princípio do Estado unitário ou a continuidade territorial do Estado".
"Marcelo Rebelo de Sousa deixou assim bem explícito que era o pai da ideia centralista segundo a qual, ao abrigo do princípio da continuidade territorial do país, a manutenção das ligações aéreas de passageiros se deveria sobrepor a qualquer consideração relacionada com a defesa da saúde pública da população açoriana", advoga Paulo Estêvão.
A SATA e a Ryanair deixaram de trazer passageiros de fora da região para os Açores, mas a TAP nunca abandonou as rotas entre Lisboa e São Miguel e Lisboa e a Terceira, ao contrário do que pedia o Governo Regional.
A manutenção dos voos da TAP, defende o PPM, "tornou evidente que o Estado central - para além de todos os discursos e sorrisos de circunstância - não confia nos regimes autonómicos e na sua lealdade ao país".
E concretizam os monárquicos: "Pesados todos os interesses em jogo, o Estado optou por impor a realização de ligações aéreas que representavam um alto risco de propagação do contágio para o território açoriano em detrimento da ideia que é possível às regiões autónomas cortar, mesmo que provisoriamente e por razões estritamente sanitárias, o cordão umbilical com o resto do território".
Marcelo Rebelo de Sousa irá hoje ao Nordeste visitar o Centro de Saúde e o lar de idosos, que registou a maioria das mortes nos Açores.
No total, foram detetados na região 146 casos de infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19, verificando-se 130 recuperados e 16 óbitos.
Dos 146 casos, 108 foram registados São Miguel, 11 na Terceira, cinco na Graciosa, sete em São Jorge, dez no Pico e cinco no Faial.
As ilhas das Flores, Corvo e Santa Maria mantiveram-se livres do novo coronavírus.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 397 mil mortos e infetou mais de 6,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.474 pessoas das 34.351 confirmadas como infetadas, e há 20.807 casos recuperados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde, divulgado no sábado.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.