Autor: Paulo Faustino
O presidente do Conselho Económico e Social dos Açores (CESA) reuniu com um representante do Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano, parceiro português da consultora internacional “ECORYS”, que se encontra a desenvolver um estudo para a Direção-Geral da Política Regional e Urbana da Comissão Europeia (CE), tendo defendido a criação de um novo programa para as Regiões Ultraperiféricas (RUP), como é o caso do arquipélago açoriano, que tenha em conta os seus “problemas específicos e agravados” no seio da Europa.
O estudo encomendado
pela Comissão Europeia centra-se no impacto da pandemia de Covid-19 nas
RUP e visa a criação de medidas de recuperação e reforço da sua
resiliência.
Ouvido por videoconferência, Gualter Furtado vincou que
o novo programa, ao abrigo do estatuto da ultraperiferia e a acrescer à
chamada ‘bazuca’ europeia, deveria ter medidas e respostas para
melhorar a capacidade de resiliência dos Açores, no curto, médio e longo
prazo.
Lembrou os problemas das economias insulares que já existiam
antes da pandemia e que, com esta, tornaram-se ainda mais prementes.
Problemas desde logo relacionados com as acessibilidades, afastamento
dos principais mercados, dispersão do território e falta de economias de
escala.
A reunião preparada pelo presidente do CESA incluiu a recolha de contributos de parceiros sociais dos Açores que foram também dados a conhecer aos consultores, por forma a que se inteirassem das “dificuldades que os diversos setores económicos e sociais, incluindo a educação, atravessam na Região, bem como os empregadores e os trabalhadores dos Açores em consequência da pandemia”.
Por causa da Covid-19, Gualter Furtado declarou-se preocupado com a quebra de rendimentos decorrente da menor procura interna e externa em setores como o turismo, que vinha a ganhar peso nos últimos anos em termos de PIB e emprego, transportes aéreos e marítimos (entre as ilhas e para o exterior), e agricultura e pescas.
Na sua ótica, “é necessário
pensarmos fortemente” num programa destinado à educação, com apoios
nacionais e sobretudo comunitários, alicerçado na ultraperiferia. Isto
para tornar possível a reformulação do ensino, através da sua
valorização em empresas ou instituições, sem descurar a aposta na área
do digital. “E depois, paralelamente, dar a dignidade e os meios
necessários à Universidade dos Açores para poder ter aqui um papel
fundamental”, alerta o presidente do CESA, para quem a própria Comissão
Europeia “tem que ter isso em consideração”, no respeito pelo tal
estatuto.
Reitera que a aposta na educação é crucial no combate à
pobreza e até como forma de contrariar os problemas de despovoamento das
ilhas.