Autor: Lusa /AO Online
“Nota-se que Vasco Cordeiro ainda não digeriu bem os resultados das eleições regionais. Não o ouvi, em 2015, dizer que António Costa [secretário-geral socialista, que naquele ano chegou ao poder no governo da República com a chamada ‘geringonça’ com um acordo parlamentar com o BE e o PCP] foi duplamente derrotado nas eleições [nacionais]”, afirmou Rui Martins em declarações à Lusa, após a sessão de encerramento do XVIII Congresso Regional do PS/Açores, que terminou hoje na cidade da Horta, ilha do Faial.
O parlamentar observou ainda que, durante o congresso, o PS falou “muito em regressar ao poder”, mas sem apresentar propostas.
“Falou-se muito em regressar ao poder, mas não ouvi ideias, ou o que faria o PS de diferente”, indicou o deputado.
Rui Martins referiu-se, também, à evolução de vários indicadores sociais descritos por Vasco Cordeiro durante os 24 anos em que o PS esteve no Governo dos Açores.
“Mal feito fora se, em 24 anos, não houvesse uma evolução dos indicadores. Mas, pese embora, tenha havido evolução, em muitos indicadores continuamos na cauda da Europa”, lamentou.
Por outro lado, “o PS demorou 20 anos no governo até apresentar estratégia de combate à pobreza” nos Açores, frisou.
Nas eleições legislativas regionais de 2020, o PS foi o partido mais votado, elegendo 25 parlamentares, mas perdeu a maioria absoluta e PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo para formar governo.
A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e com o deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega) e o PSD um acordo com a IL.
A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados e, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado independente (eleito pelo Chega).
O líder do PS/Açores afirmou hoje que se abriu “um novo ciclo” e “o melhor do PS/Açores está de volta” pelo futuro Região, porque o partido tem a “responsabilidade e legitimidade de não deixar os Açores para trás”.
Depois de o PS ter estado 24 anos na governação da Região, e de ter perdido o poder para a coligação PSD/CDS-PP/PPM, Vasco Cordeiro tem “um sonho e uma ambição” - de “liberdade, solidariedade e respeito” no futuro dos Açores.
O líder do PS/Açores, reeleito em abril para um quarto mandato como presidente da estrutura regional, com 97,7% dos votos, alertou que a política nos Açores “corre o risco de se tornar mais numa batalha campal do que num debate sério sobre o futuro”.