Açoriano Oriental
Agricultura: Quando o gado também precisa de pedicure
O tratamento das unhas e dos pés não é exclusivo dos seres humanos e, para muito tipo de gado doméstico, essa pedicure é essencial para a sua qualidade de vida e capacidade de produção.
Agricultura: Quando o gado também precisa de pedicure

Autor: Lusa / AO online
    "Quando eles têm feridas nos pés funcionam como as pessoas, ficam mais tempo deitados e produzem menos", explicou Pedro Clemente, um dos poucos técnicos de cascos que existem no país e que percorre a zona Centro para tratar das patas de vacas, cabras e ovelhas de várias explorações agrícolas.

    "O nosso trabalho é auxiliar as explorações nos problemas de cascos dos animais", corrigindo doenças e feridas como "úlceras, fístulas ou dermatites".

    Estas feridas nascem muitas vezes da má postura dos animais de grande porte - uma vaca pode pesar centenas de quilos - que pressionam pontos mais sensíveis dos cascos, criando pequenas úlceras que ganham maior dimensão devido à falta de higiene.

    Depois, a dor é tanta que os animais preferem ficar deitados e, como "não há sapatos ortopédicos para as vacas", a única solução é chamar um técnico especializados para resolver os problemas.

    Em todo o país, "há dezena e meia de técnicos deste tipo", pelo que a procura dos proprietários rurais é grande.

    "Não tenho patas a medir", diz, entre sorrisos, Pedro Clemente, que trabalha nesta área há 13 anos.

    Apesar da procura, Pedro Clemente trabalha em cascos um máximo de três dias por semana, já que lidar com animais deste porte obriga a um "desgaste físico muito grande".

    As feridas, que nascem dentro das unhas ou no interior dos cascos, levam os "animais a baixar de produção" já que ficam a "maior parte do tempo deitados e não vão comer o pasto".

    Já o tratamento utilizado é muito semelhante ao dos médicos podologistas para os seres humanos. Só que, neste caso, os instrumentos são outros, mais adequados à dimensão dos cascos.

    Ao invés de um salão de beleza ou de uma marquesa de médico, os animais são presos numa estrutura metálica em ferro para prevenir coices inoportunos até "porque ninguém gosta de ir ao médico, sejam vacas ou seres humanos".

    E em vez de limas delicadas ou corta-unhas, Pedro Clemente usa tesouras de enxertia, grandes facas afiadas ou pequenas serras para cortar os cascos com precisão.

    "Cheguei a colocar uma prótese para os dois dentes da frente por causa de uma vaca" mais irritada com o tratamento, recorda Pedro Clemente, enquanto prendia uma pata numa roldana para a levantar até à sua cintura.

    Os animais são seguros e a pata presa de modo a que o técnico possa actuar, primeiro limpando a zona em ferida, colocando-a ao ar livre.

    "Depois, aplico pensos, sulfamidas e secantes", deixando a "ferida toda livre e exposta para facilitar a sua cicatrização", explica.

    Após esta primeira intervenção, caberá ao dono de cada animal manter a pata desinfectada com fungicida durante alguns dias até que a ferida fique totalmente curada.

    Neste caso, a exploração onde a Agência Lusa encontrou o técnico a trabalhar, localizada perto de Monte Redondo, tem cerca de 60 vacas leiteiras e a sua proprietária, Maria Paulo, promete continuar os tratamentos iniciados por Pedro Clemente.

    "Eu preocupo-me muito com os cascos, porque se eles estiverem bem, os animais ficam mais à vontade e produzem mais", explica esta empresária agrícola, que procura acompanhar atentamente os procedimentos de Pedro Clemente.

    Já os animais, esses parecem nem notar o trabalho do técnico, tirando o desconforto de ficarem presos numa jaula de ferro durante alguns minutos.

    A serra ou a tesoura e mesmo os desinfectantes pouca reacção causam nas vacas que depois se adaptam rapidamente aos cascos limpos e corrigidos.

    "Isto é como mudar os sapatos às pessoas, primeiro estranha-se um pouco, mas depois habituamo-nos rapidamente", salienta Pedro Clemente, sempre sorrindo.
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