Açoriano Oriental
Açores querem estar na vanguarda do desenvolvimento energético

O arquipélago dos Açores assume-se como um “verdadeiro laboratório” energético, por ter vários tipos de produção de energia e quer estar “na vanguarda do desenvolvimento” do setor, disse a secretária regional da tutela

Açores querem estar na vanguarda do desenvolvimento energético

Autor: Lusa/AO Online

“Somos líderes e somos um verdadeiro laboratório, na medida em que temos vários tipos de energia: renovável, eólica e fotovoltaica, mas, sobretudo, a geotérmica, que é a única na União Europeia (UE) ao nível das ilhas”, disse Berta Cabral à agência Lusa.

A secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas dos Açores falava em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, à margem da sessão de abertura do evento Clean Energy For EU Islands - Fórum 2025 [Fórum 2025 da Iniciativa Energia Limpa para as Ilhas da União Europeia (UE), em português], um encontro que decorre até quinta-feira e que junta vários especialistas que debatem o futuro com 100% de energia renovável, equilibrando as prioridades ambientais, económicas e sociais.

“[Nos Açores] estamos alinhados com aquilo que se passa neste fórum e queremos estar na vanguarda do desenvolvimento energético”, sublinhou a governante.

Berta Cabral recordou que os Açores investem em energias renováveis desde 1980, uma aposta que está relacionada com a “grande preocupação de criar autonomia energética nas ilhas”.

A região tem um plano para a descarbonização até 2050, que já contempla “metas muito ambiciosas” até 2030.

“Não será muito fácil atingir algumas, mas nós temos que ser ambiciosos nas metas. E não é fácil porque temos que ter sempre este equilíbrio entre a produção, o transporte e a distribuição, e a consciência de que somos micro redes que têm que ter equilíbrio para não faltar o abastecimento”, observou.

Apesar das dificuldades, a região está a “caminhar nisso: Há novas tecnologias ao nível do armazenamento de energia em baterias. Já temos isso em São Miguel, Terceira e Graciosa. Temos de caminhar para instalar mais”, afirmou a governante.

Depois de referir que são necessários fundos comunitários, Berta Cabral apontou que, no encontro relacionado com produção, distribuição e comercialização de energias renováveis nas ilhas europeias, onde estão representantes de mais de 30 ilhas, também se discutem “as oportunidades de financiamento europeu para este tipo de investimentos”.

Na abertura dos trabalhos, Berta Cabral, que se expressou em inglês, referiu que a iniciativa Energia Limpa para as Ilhas da UE é “uma ferramenta essencial para alcançar um dos objetivos mais importantes da nossa época: a transição energética”.

“Numa altura em que o mundo enfrenta desafios crescentes no fornecimento e na segurança energética, com uma pressão intensa para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e alcançar a independência dos combustíveis fósseis, as ilhas europeias devem ser vistas como laboratórios vivos que podem facilitar esta transição”, disse.

Também abordou a Estratégia Energética dos Açores 2030, que visa “reduzir drasticamente a dependência dos combustíveis fósseis e caminhar para uma maior autonomia energética, baseada na eficiência e na sustentabilidade”.

Até 2030, a região pretende reduzir o uso de gás butano em 50%, aumentar a eficiência energética em 25% no transporte terrestre, aumentar a eficiência energética em edifícios em 28%, melhorar a eficiência energética em empresas em 40%, atingir 70% de eletricidade renovável, melhorar a eficiência energética em 33% e reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 40%.

A secretária regional assinalou, no entanto, que “a transição verde, por mais necessária e desejável que seja, exige uma abordagem responsável, sustentada e tecnicamente sólida”,

“O recente apagão que afetou vários países europeus, incluindo Espanha e Portugal, deve servir de alerta para os riscos que podem surgir num sistema energético cada vez mais complexo”, alertou.

No caso dos Açores, o desafio é ainda mais exigente, por ser uma região ultraperiférica, com nove ilhas, com nove micro redes independentes, sem interligação, com capacidade de armazenamento limitada e reduzida capacidade de resposta a eventos extremos.


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