Autor: Lusa/AO Online
"O nosso objetivo é não ter este desperdício, mas tendo, estamos a tentar valorizá-lo, de forma a que ele volte a entrar de uma forma circular na economia", avançou à agência Lusa o administrador da Sonae MC, José Fortunato.
"A tecnologia permite que os resíduos orgânicos sejam decompostos por ação de enzimas e bactérias, produzindo um biogás que é utilizado na produção de energia" elétrica ou como fonte de calor, a usar no hipermercado, explicou.
Os responsáveis da Sonae acreditam que este é um projeto pioneiro, pelo menos na Europa, e nesta fase recebeu um investimento de cerca de 200 mil euros.
Pode ser alargado a outras lojas do grupo que tenham produção de lixo orgânico suficiente para esta solução, ou mesmo a outras áreas de negócio, referiu José Fortunato.
O processo, que será apresentado na quarta-feira, com a inauguração da unidade 'Waste 2 Energy' no Continente do Gaia Shopping, também resulta num subproduto, um biofertilizante, e a Sonae está a avaliar se pode ser colocado no mercado.
"Temos um sistema de digestão anaeróbica dos resíduos orgânicos da loja [hipermercado de Gaia], como legumes, laticínios, fruta, carne, peixe" e equipamentos que transformam estes resíduos "no biogás que depois permite a produção de energia elétrica e calorífica", descreveu o responsável.
Este projeto, salientou, enquadra-se na lógica de reduzir ou utilizar da melhor forma o desperdício gerado pela atividade, canalizando-o para a produção de energia e "contribuindo para uma redução significativa de emissões de CO2 [dióxido de carbono] dentro da cadeia", tratando-se de uma utilização circular da economia.
Todo o processo se passa no mesmo local, disse, evitando o custo com o transporte e a respetiva emissão de dióxido de carbono.
O hipermercado de Gaia gera em média 18 toneladas de resíduos e, embora o projeto seja ainda recente e esteja numa fase piloto, o administrador da Sonae MC estima que será possível produzir 7,2 megawatts de energia por hora.
"Estes supermercados são grandes consumidores de energia e [este projeto representa] um valor ainda relativamente diminuto, andará próximo dos 5%", explicou.
Quanto às vantagens ambientais, relacionam-se com a valorização dos resíduos localmente, a redução do lixo que vai para aterro e diminuição da emissão de gases com efeito de estufa.
"Com isto reduzimos bastante a nossa fatura energética da loja e também os custos com a gestão destes resíduos orgânicos que, se não forem tratados na loja, têm de ser tratados de outra forma", apontou o administrador da Sonae MC.
Desenvolvida pela SEaB, empresa britânica de produção de energias renováveis a partir de resíduos, a unidade é uma solução compacta, cujo equipamento está distribuído em módulos instalados dentro de contentores, no parque de serviço da loja.