Entre
uma densa vegetação exótica surgiam nove músicos, conduzidos por um
mestre multi-instrumentalista capaz de nos fazer
viajar. Estávamos em pleno Tremor, no já longínquo ano de 2015, e Bruno
Pernadas apresentava-nos o seu primeiro álbum, “How can we be joyful in a
world full of knowledge”. De um concerto ao vivo rapidamente passamos
para o estúdio e ficámos completamente rendidos.
Dois anos após o lançamento do álbum de estreia, já em 2016, Bruno
Pernadas maravilhava-nos com mais um álbum de nome divertidamente
vasto.“Those who throw objects at the crocodiles will be asked to
retrieve them” soou-nos o regresso ao um fantástico mundo
de Bruno Pernadas. Composição e arranjos incríveis voltariam a colocar a
complexa música Bruno Pernadas ao alcance dos mais leigos ouvidos (como
os nossos). Em simultâneo, de uma forma incrível, Pernadas editava
“Worst Summer Ever”, uma vida jazzística paralela,
numa perspetiva mais clássica do género.
“Private Reasons”, passados cinco longos anos, volta-nos a trazer aquele
universo único, repleto de referências que percorrem todo o espetro da
cena musical. Entre passeios pelo mundo da pop, da eletrónica, do rock e
do folk, assentes numa base jazzística marcada,
chegamos a um destino de uma espécie de psicadelismo pop único,
complexo, mas com capacidade de nos fazer sonhar.
Incrivelmente, este será o fim de uma trilogia de álbuns, todos de
matriz de composição solitária. Poético, Bruno Pernadas vê no seu mais
recente álbum um fim de ciclo, onde a composição a duas mãos marcou o
passo. Agora, para além da partilha de um palco cheio,
há vontade de partilhar estúdio, partilhar experiências e descobrir
novos mundos. O mundo de Bruno Pernadas poderá desaparecer como o
conhecemos, mas certamente dará lugar a qualquer coisa fantástica.