Açoriano Oriental
Dia Internacional da Mulher
Há uma base cultural de “legitimidade da agressão nas relações de intimidade”

A violência doméstica continua a ser um dos temas mais falados no Dia Internacional da Mulher. No ano passado, 22 mulheres portuguesas morreram às mãos dos seus agressores, a nível nacional.

Há uma base cultural de “legitimidade da agressão nas relações de intimidade”

Autor: Nuno Martins Neves

De acordo com os dados mais recentes do Gabinete de Apoio à Vítima de Ponta Delgada, em 2023 foram registados 537 crimes, mais 103 que no período homólogo. E 68,6% dos crimes está relacionado com a violência doméstica.

Para Piedade Lalanda, em Portugal existe uma “base cultural de uma certa legitimidade da agressão nas relações de intimidade” que não se perdeu com os avanços dos últimos anos.

“É extremamente difícil de entender que no nosso país só em 1975 foi revogado uma lei que permitia ao marido matar a mulher em situação de adultério. É incrível pensar que até essa data era permitido a um homem, que fosse ‘enganado’, matar a mulher e o adúltero e a única pena que lhe era atribuído era ficar afastado da comarca onde tinha cometido o crime durante seis meses. E se essa agressão não fosse considerado uma ofensa grave, não sofria qualquer pena!”.

É este “lado sombrio dos relacionamentos” que a socióloga entende que ainda persiste numa sociedade que celebra este ano 50 anos de democracia, mas que durante quase metade do tempo “existia uma certa aceitação cultural” dos casos de violência doméstica.

“Só foi reconhecido como crime público em 2000. Mudamos muita coisa, mas ainda temos algum olhar desvalorizador do feminino.”

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