Autor: Lusa/AO Online
“Fizemos um esforço para aproximar as comemorações do tipo de animação que era possível encontrar na ilha, da década de 1940, quando a fábrica foi construída, organizando jogos tradicionais, chamarritas e um baile”, explicou à Lusa, Carla Dâmaso, do Observatório do Mar dos Açores (OMA), instituição que gere aquela infraestrutura.
A Fábrica da Baleia de Porto Pim, integrada no Parque Natural do Faial, é um complexo industrial que se situa na parte sudeste da baía de Porto Pim, junto à encosta com o Monte da Guia e recebe, todos os anos, cerca de sete mil visitantes, naquele que é considerado um dos melhores exemplares da extinta indústria baleeira açoriana.
“Este é um local de visita obrigatória, só que a maioria dos nossos visitantes são estrangeiros ou turistas oriundos do continente e a nossa intenção é trazer também as pessoas de cá para conhecerem o espólio da sua ilha”, adiantou Carla Dâmaso, esperando que o programa comemorativo dos 80 anos ajude a aproximar os habitantes locais da fábrica.
A Fábrica da Baleia de Porto Pim começou a laborar em 1942, altura em que muitos faialenses trabalhavam nas atividades de caça, desmancho e processamento de cachalotes (o tipo de baleia mais comum nos Açores), que eram capturados ao largo das ilhas e depois arrastados até terra, para o aproveitamento de alguns subprodutos com valor comercial na época, como o óleo de toucinho, farinhas de carne, ossos e sangue.
“Este museu é o testemunho de uma atividade, felizmente extinta, mas que, ainda hoje impressiona os turistas que por aqui passam”, salienta a coordenadora do OMA, lembrando que, além da maquinaria original, que era utilizada para desmanchar os cachalotes, a Fábrica da Baleia de Porto Pim inclui ainda alguns elementos recentes, que ajudam a perceber a história da baleação nos Açores, como um modelo de um cachalote construído à escala real e um esqueleto completo de uma baleia.
Durante o dia de sábado (03 de setembro), além dos jogos tradicionais, das chamarritas e do baile popular, os visitantes da Fábrica da Baleia de Porto Pim poderão também visitar o museu e ainda apreciar alguns “comes e bebes”, acompanhados de música eletrónica, pela noite dentro.
Durante os cerca de trinta anos em que esteve em laboração, a Fábrica da Baleia de Porto Pim processou 1.940 cachalotes, que produziram cerca de 44 mil bidões de óleo, mas acabaria por encerrar as suas portas em 1974, quando a atividade da caça à baleia já se encontrava em declínio.
A unidade fabril foi classificada, em 1984, como imóvel de interesse público, mas ficou ao abandono durante quase duas décadas, até que o Governo Regional dos Açores decidiu restaurar e beneficiar aquele património, que desde 2004 tem sido gerido pelo Observatório do Mar dos Açores, uma associação sem fins lucrativos, de cariz técnica, científica e cultural, criada por elementos do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores.