O Lusitano Garden Villas é um empreendimento turístico situado em Ponta Delgada que combina a hotelaria com o turismo equestre. O projeto é liderado por João Gomes de Menezes do Canto Tavares, administrador do espaço, cuja relação com os cavalos atravessa várias gerações da sua família e tem origem durante a Segunda Guerra Mundial, período em que a escassez de combustíveis levou o seu avô a recorrer ao uso de cavalos nas deslocações entre Ponta Delgada e as Capelas.
Foi nesse contexto
que o pai de João iniciou a sua ligação à equitação, tornando-se aluno
do Mestre João Rezende, uma das figuras mais marcantes do meio equestre
em São Miguel. Essa herança manteve-se viva ao longo das décadas, com
sucessivas gerações a criarem e a montarem cavalos, dando especial
atenção à qualidade genética dos animais.
Da formação em arquitetura ao regresso às origens
Apesar de ter seguido Arquitetura em Lisboa, João Gomes de Menezes do Canto Tavares nunca se afastou do mundo equestre. Durante os anos de estudo manteve aulas de equitação e desenvolveu um interesse particular pelo cavalo lusitano. Em 2008 regressou definitivamente aos Açores para apoiar a exploração agrícola da família, onde modernizou a vacaria de leite. Os cavalos continuaram presentes, inicialmente como paixão pessoal, mas acabariam por se tornar centrais no seu percurso.
A
ideia do Lusitano Garden Villas nasceu durante o trabalho agrícola, ao
identificar o potencial de um terreno com vista privilegiada. O projeto
evoluiu de uma intenção inicial de construir uma casa com estábulos para
um conceito turístico mais amplo, que permitisse rentabilizar o espaço
e, ao mesmo tempo, valorizar o cavalo lusitano, explica João Gomes de
Menezes do Canto Tavares ao Açoriano Oriental.
Abertura positiva
Atualmente, o Lusitano Garden Villas distingue-se por ser o único hotel nos Açores que integra de forma estruturada cavalos lusitanos na sua oferta. O empreendimento disponibiliza diferentes experiências equestres, desde workshops educativos para crianças, focados no contacto e nos cuidados básicos com o cavalo, até batismos equestres para iniciantes, pensados para proporcionar uma primeira experiência segura, tranquila e positiva.
Desde o soft opening, em março, e a abertura oficial em outubro, a maioria dos hóspedes tem sido estrangeira, provenientes de vários países da Europa, dos Estados Unidos e do Canadá, embora também se registe a presença de turistas portugueses.
O percurso até à abertura foi marcado por vários desafios, nomeadamente a burocracia, os projetos técnicos e a construção, bem como a incerteza causada pela pandemia, que atrasou decisões. Ainda assim, o investimento avançou no “momento certo”. Atualmente, o Lusitano Garden Villas tem capacidade para 14 cavalos estabulados e conta com uma equipa experiente e motivada.
Os planos para o futuro incluem a criação de novos espaços de bem-estar, como uma estrutura inspirada nas estufas de ananás, com piscina aquecida, áreas para yoga, massagens e experiências sensoriais ligadas à vivência açoriana.
João Gomes de Menezes do Canto Tavares considera que o futuro do turismo nos Açores depende de uma ligação forte à agricultura e à pecuária, responsáveis pela paisagem que define a identidade da região. Defende que não é possível apostar apenas no turismo, sob pena de se perderem as características que tornam o arquipélago atrativo, alertando que a paisagem agropecuária é a verdadeira base do sucesso turístico.
O responsável sublinha que o
Lusitano Garden Villas reflete essa visão, ao nascer de uma exploração
agropecuária e procurar integrar-se na paisagem sem a agredir. Para João
do Canto Tavares, o desenvolvimento turístico deve ser sensível ao
território, respeitar o ambiente e contribuir para a continuidade de um
modelo sustentável para os Açores.
