Açoriano Oriental
Acompanhar o nível do mar
3.000 bóias vão melhorar previsões meteorológicas
Os oceanos vão ser supervisionados por 3.000 bóias da rede Argo e por satélites, permitindo maior precisão das previsões meteorológicas e no acompanhamento do aumento do nível dos mares devido ao aquecimento global.

Autor: Lusa/AO
"Pela primeira vez, dispomos de uma rede de observação contínua, global e em tempo real dos oceanos”, disse numa entrevista com a AFP Pierre-Yves Le Traon, responsável do Programa de Observação do Oceano, do Instituto Francês de Investigação para a Exploração do Mar.

    As 3.000 bóias do projecto Argo, instaladas desde a semana passada, estão colocadas em todos os oceanos, incluindo zonas inacessíveis aos navios de investigação no Inverno.

    As informações do projecto Argo vêm completar o sistema de vigilância por satélites como Jason e das agências espaciais francesa (Centro Nacional De Estudos Espaciais - Cnes) e norte-americana (NASA).

    As medidas fornecidas pelo programa internacional Argo sobre a temperatura e a salinidade dos oceanos, desde a superfície até 2.000 metros de profundidade, permitem seguir, compreender e prever o papel destas massas de água nos sistemas meteorológicos do planeta.

    O oceano armazena o calor, que transporta e restitui à atmosfera, explicou Pierre-Yves Le Traon.

    Ao ocupar 70 por cento do planeta, os mares são um elemento chave do clima e o acompanhamento da sua evolução permitirá melhorar as previsões sazonais, o estudo dos furacões, entre outras ocorrências meteorológicas.

    Para já, este projecto permitiu redefinir as estimativas do armazenamento de calor pelos oceanos, um parâmetro determinante para considerar a amplitude do aquecimento climático e melhor compreender os mecanismos do aumento do nível médio dos mares por dilatação, pode ler-se num comunicado do Instituto Francês de Investigação para a Exploração do Mar.

    Este sistema de vigilância, na qual participam 30 países, fornece em tempo real, por ano, mais de 100.000 perfis de temperatura e salinidade, ou seja 20 vezes mais informação do que a recolhida a partir dos navios de investigação.

    Até ao momento, essas informações globais sobre os oceanos eram fornecidas por satélites franco-americanos, como o Topex-Poséidon, lançado em 1992, ou o seu sucessor Jason 1, activado em 2001.

    Estes instrumentos permitem o desenvolvimento de boletins meteorológicos ou mapas de ajuda à navegação, mas as informações de satélites apenas se referem à superfície das águas.

    As bóias do projecto Argo são programadas para se movimentarem em ciclos de 10 dias entre a superfície e as águas profundas do mar.

    Cada ciclo inclui uma descida de 1.000 metros, a navegação pelas correntes, seguida da descida até os 2.000 metros, e por fim o regresso à superfície para a transmissão dos dados.
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