Autor: Lusa/AO Online
“É uma mágoa muito grande saber que há, embora poucas pessoas, mas algumas que são leitoras fiéis da livraria, algumas poucas que vivem aqui na ilha e muitas outras que vêm habitualmente em trabalho ou em férias. Portanto, vamos fazer esse esforço de manter a livraria aberta”, adiantou, em declarações à Lusa, o sócio fundador da editora e da livraria Companhia das Ilhas, Carlos Alberto Machado.
Em setembro de 2024, Carlos Alberto Machado alertou para a possibilidade de a livraria localizada na vila das Lajes, na ilha do Pico, fechar portas, criticando a falta de apoios do Governo Regional e da autarquia local.
Depois de cinco anos de atividade, a livraria da Companhia das Ilhas, a única na ilha do Pico e nas ilhas vizinhas de São Jorge e Faial, encerrou mesmo em dezembro, apesar de alguns leitores mais fiéis continuarem a encomendar um ou outro livro por telefone.
Os dois proprietários da livraria, Carlos Alberto Machado e Sara Santos, decidiram “fazer mais um esforço para tentar manter a livraria aberta”, mas os apoios públicos não sofreram alterações.
“Quer o Governo Regional dos Açores, quer a Câmara Municipal das Lajes do Pico, mantiveram-se em absoluto silêncio quanto à possibilidade que era real e continua a ser, de certa maneira, de a livraria e a editora findarem atividade”, afirmou o sócio fundador.
Carlos Alberto Machado voltou a lamentar a falta de apoios públicos, sublinhando que “uma livraria não é um projeto comercial”, mas “um projeto cultural”, sobretudo em meios pequenos, onde faltam incentivos à leitura.
“Cumpre uma função social bastante larga, ainda por cima num conjunto de ilhas onde as bibliotecas também funcionam mal. Por exemplo, aqui a biblioteca está praticamente fechada. Tem um horário das 09:00 às 16:00, mas não tem atividades, não tem promoção da leitura, que é uma coisa importante”, salientou.
Numa ilha com menos de 14 mil habitantes, os proprietários da livraria reabrem portas na primavera, quando o número de visitantes começa a aumentar.
“O nosso público principal são pessoas que vêm à ilha visitar, ou em trabalho, ou em férias. Há um conjunto significativo de pessoas que não sendo naturais da ilha têm casa de férias e vêm sobretudo no período de primavera e verão”, disse Carlos Alberto Machado.
O horário de abertura está ainda dependente de a livraria conseguir encontrar um interessado para concorrer aos programas de estágio existentes na região.
Se isso não acontecer, o período de funcionamento terá de ser mais reduzido, segundo o sócio fundador.
“Somos duas pessoas e o facto de termos de ir para a livraria várias horas por dia prejudica imenso o trabalho da editora, que é a nossa atividade principal”, explicou.
Quanto à editora, criada em 2011, deverá manter o ritmo da atividade, com uma publicação, em média, de 30 títulos novos a cada ano.
“Vamos tentar reduzir custos, porque os preços de tipografia são complicados e temos custos acrescidos de envio de livros para o continente”, avançou Carlos Alberto Machado.
Para além de renovar coleções, sobretudo de poesia, com novos autores e novos títulos, a Companhia das Ilhas prevê iniciar em 2025 uma nova chancela com livros de escritores estrangeiros.
“Vamos fazer seis livros novos, sobretudo de traduções, algumas inéditas outras não”, revelou o editor.
Os primeiros três livros deste ano, de poesia, já estão impressos e serão lançados em fevereiro.