Açoriano Oriental
UGT convoca greve indefinida em todos os centros de Panrico
A central sindical UGT convocou esta quarta-feira uma greve indefinida em todos os centros da Panrico - que fabrica as marcas "Donuts" e "Bollycao"-, 24 horas depois de a empresa ter apresentado em Barcelona o pré-concurso de credores.

Autor: Lusa/AO Online

 

Em comunicado a organização explica que as secções sindicais da UGT e da CCOO na Panrico souberam da apresentação do pré-concurso quando estavam reunidas para discutir um calendário de mobilizações.

A UGT explica que essa reunião pretendia decidir sobre medidas de “pressão legítimas em defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores”.

O objetivo, disse, é que estas ações "não tivessem efeito negativo face ao exterior, para não piorar ainda mais a imagem da empresa, bastante danificada já, desde que o novo conselheiro delegado tomou posse".

Em comunicado a Panrico explicou terça-feira ter deliberado apresentar o pré-concurso de credores para proteger a empresa que, segundo fontes do mercado, estava já a sentir problemas de crédito e de fornecedores.

O fabricante explica que o objetivo desta medida é gerar o ambiente idóneo para proteger o futuro da empresa e de todas as partes envolvidas: trabalhadores, fornecedores, bancos e clientes, aplicando um "exercício de administração prudente".

Segundo a empresa, este passo protege e defende a companhia de eventos forçados por terceiros, isto é em relação a alguém que possa instar o concurso de credores, ao mesmo tempo que a dota de flexibilidade para procurar uma solução real para a empresa.

"O pré-concurso não fecha nenhuma via de negociação, as negociações em curso prosseguirão mas num novo cenário", refere a empresa que considera esta uma decisão "boa para a companhia na situação em que se encontra".

Neste sentido destaca estar a trabalhar com os fornecedores financeiros e de matérias-primas, bem como com os representantes dos trabalhadores, para procurar soluções.

"O tempo é o nosso maior adversário, mas o compromisso da direção é total para explorar todas as vias existentes que garantam um futuro à Panrico", afirmou.

Há várias semanas a Panrico anunciou a necessidade de despedir 1.914 trabalhadores e de baixar entre 35 e 45% os salários, que fontes do setor citadas pela imprensa espanhola dizem estar em média 32% acima dos valores do mercado.

No final de setembro a Panrico em Portugal garantiu que não vai haver despedimentos ou suspensão de salários, ao contrário do que está a acontecer em Espanha onde se prevê a saída de mais de 1.900 trabalhadores até 2015.

Contactada pela agência Lusa, fonte da direção da Panrico em Portugal garantiu que não vai haver despedimentos nem suspensão de salários nas duas fábricas portuguesas (Mem Martins, concelho de Sintra, e Gulpilhares, concelho de Vila Nova de Gaia).

"O novo conselheiro do grupo garantiu-nos mesmo antes de virem a público as notícias de Espanha que a Panrico em Portugal é uma entidade autónoma dentro do grupo Panrico. O capital do grupo é 100% detido pelos acionistas da Oaktree, que designou um conselheiro delegado e nos disse que somos uma empresa de gestão comercial e industrial completamente autónoma", disse.

A mesma fonte disse que a Panrico em Portugal "tem tido bons resultados de vendas em 2012 e em 2013", salientando que os salários dos trabalhadores das fábricas de Mem Martins e Gaia estão ser pagos "a tempo e horas".

"Estamos a ter resultados bastante positivos e muito bons, quer em quota de mercado, quer em termos de venda e do próprio resultado. Os nossos compromissos foram e vão ser sempre cumpridos com o máximo rigor", sublinhou.

No passado dia 13 de setembro o conselho de administração da Panrico nomeou o economista e advogado Carlos Gila como primeiro executivo da companhia e responsável pela reestruturação em curso.

Em junho a Panrico passou a ser propriedade da Oaktree, que aumentou de 86% para 100% o seu controlo da empresa através da capitalização de empréstimos para eliminar a dívida da firma.

 

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