Açoriano Oriental
Brexit
UE espera que nova PM Liz Truss abra “novo ciclo” nas relações

O embaixador da União Europeia (UE) no Reino Unido, João Vale de Almeida, manifestou esperança de que o governo da nova primeira-ministra britânica, Liz Truss, possa abrir "um novo ciclo” nas relações entre Londres e Bruxelas. 

UE espera que nova PM Liz Truss abra “novo ciclo” nas relações

Autor: Lusa/AO Online

"Agora que começamos um novo ciclo no Reino Unido com um novo Governo e uma nova primeira-ministra, o nosso desejo é usar esta oportunidade para iniciar um novo ciclo também nas relações (…). Temos de ver isto como uma oportunidade”, afirmou. 

Vale de Almeida falava na abertura de um colóquio organizado pelos institutos "UK in a Changing Europe" e "Economic and Social Research Council” intitulado “Bons vizinhos? O Reino Unido e a Europa”.

Segundo o diplomata português, a confiança entre as duas partes "está atualmente num nível muito baixo” e é necessário reconstruí-la. 

O Governo britânico e a Comissão Europeia interromperam em fevereiro negociações sobre o Protocolo da Irlanda do Norte do Acordo de Saída da UE, mas Vale de Almeida adiantou que têm existido “contactos informais” e que Bruxelas está disposta a resumir o diálogo. 

Liz Truss e a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, encontraram-se na quarta-feira, à margem da Assembleia das Nações Unidas, em Nova Iorque, e abordaram o Protocolo da Irlanda do Norte, mas não foram divulgados pormenores da conversa. 

Concluído em 2019 como parte do Acordo de Saída, o Protocolo deixa a Irlanda do Norte na prática dentro do mercado único europeu, ficando o território sujeito a normas e leis europeias, o que implica controlos e documentação adicional sobre mercadorias que circulam entre o Reino Unido e a província.

Segundo Vale de Almeida, existe “vontade política” em Bruxelas para “encontrar soluções” para o Protocolo, que regula o estatuto da região britânica no pós-Brexit pois possui a única fronteira terrestre entre o Reino Unido e UE, mas também tendo em conta os acordos de paz de 1998 para a paz naquele território. 

Porém, acusa o governo britânico de agir unilateralmente ao avançar com duas propostas de lei para anular partes do Acordo de de Saída concluído em 2019 de forma a evitar controlos e burocracia sobre algumas mercadorias como agro-alimentares.

"Nós somos pessoas simples: assinámos um acordo e sentimos que é a nossa obrigação respeitar o acordo. Esperamos parceiros que façam o mesmo”, disse o embaixador, alegando que a UE fez propostas para aligeirar o impacto do Protocolo que vão aos "limites máximos” do que foi assinado. 

"Rejeito a ideia de que estamos a ser inflexíveis", afirmou, reivindicado que a UE tem mostrado “criatividade” para resolver os problemas.

A questão do Protocolo da Irlanda do Norte também foi discutida por Truss com o presidente dos Estados Unidos na quarta-feira, tendo o Joe Biden reiterado a importância de proteger o processo de paz. 

A região britânica encontra-se sem instituições políticas desde as eleições regionais de maio, ganhas pelos republicanos do Sinn Féin, pois o Partido Democrata Unionista (DUP) recusou formar governo ou viabilizar a formação da assembleia autónoma. 

Segundo o jornal Daily Telegraph britânica, Truss estabeleceu um prazo de seis meses para o impasse ser resolvido, antes do 25.º aniversário do Acordo de Belfast/Sexta-Feira Santa. 


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