Autor: Lusa/Ao on line
De acordo com dados da consultora IMS Health a que a Agência Lusa teve acesso, foram vendidas até Setembro 172 167 embalagens de comprimidos, adesivos, rebuçados e pastilhas anti-tabaco, menos 48 566 do que no período homólogo, o que representa uma quebra de 22 por cento.
Em média, venderam-se mensalmente durante este ano nas farmácias e parafarmácias 19 129 embalagens, enquanto até ao final do terceiro trimestre de 2008 e 2007 tinham sido vendidas 24 525 e 27 120, respectivamente.
Tendo em conta os valores de venda, foram gastos nos primeiros nove meses deste ano 4,46 milhões de euros na aquisição destes produtos, menos 24,2 por cento do que o dinheiro dispendido pelos fumadores que tentaram abandonar o "vício" em igual período de 2008 (5,88 milhões).
Até Setembro deste ano foram gastos, em média, 495 mil euros por mês, um valor significativamente inferior ao verificado em igual período de 2008 ou de 2007: 654 e 666 mil euros, respectivamente.
A nova Lei do Tabaco entrou em vigor em Janeiro de 2008, mas nem por isso se registou um aumento de vendas entre 2007 e 2008, pelo contrário: durante todo o ano de 2007 venderam-se 317 390 embalagens (8,28 milhões de euros gastos) e no ano seguinte 276 482 (7,36 milhões).
Ainda assim, o mês de Janeiro é normalmente aquele em que os portugueses parecem mais motivados para deixar de fumar, talvez por alguma promessa de Ano Novo.
Nos primeiros 31 dias de 2007 venderam-se 49 854 embalagens (1,12 milhões de euros gastos) e no ano seguinte 48 955 (1,3 milhões), quase o dobro do que o registado em Janeiro deste ano: 24 910 embalagens, que custaram aos consumidores cerca de 635 mil euros.
No Domingo, especialistas em prevenção do tabagismo disseram à Lusa que vários indicadores parecem demonstrar que cada vez menos os protugueses tentam deixar de fumar.
Um exemplo é a oferta de consultas de cessação tabágica, que aumentou mais de 50 por cento num ano. No entanto, os fumadores portugueses procuram-nas cada vez menos.
Dados avançados à agência Lusa pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) indicam que em 2007 existiam 150 consultas de cessação tabágica, número que subiu para 233 em 2008, ano da entrada em vigor da lei que restringiu o fumo do tabaco nos locais de trabalho e recintos públicos fechados. Em Setembro de 2009, havia 242 consultas, acrescentam os mesmos dados, que não reflectem ainda todo o país.
Para a especialista em prevenção e tratamento de tabagismo Sofia Ravara, "os fumadores estão a procurar menos ajuda", o que se reflecte nas listas de espera para estas consultas, que têm vindo a diminuir.
Esta tendência tem sido observada também na Linha SOS Deixar de Fumar (808 208 888), criada em 2002 para aconselhar e apoiar quem quer deixar de fumar. Segundo o coordenador do serviço, os telefonemas têm vindo a diminuir nos últimos dois anos. Em média, o serviço recebe três a quatro telefonemas diários, quase metade do que recebia quando foi criado.
"Num primeiro momento pensámos que era uma espécie de reacção à lei. As pessoas pensavam: 'não me deixam fumar, agora é que eu vou fumar'", mas provavelmente o que está a acontecer é que não se está a acertar na forma de comunicar com os fumadores, avançou Paulo Vitória.