Autor: Lusa/AO Online
“Esta é uma
prova extremamente importante. Não há nenhuma prova mais importante do
que esta. Mas isto não deixa de ser ciclismo. Não deixa de ser aquilo
que eu faço por… claro que é a minha profissão, mas eu faço isto por
diversão. Eu faço porque adoro, porque é uma coisa que me dá muito gozo e
que me passa uma adrenalina muito boa. E, no final das contas, é só
mais uma competição com os melhores ciclistas do mundo. E é um gosto
enorme poder partilhar a pista com eles e poder lutar com eles ombro a
ombro”, declarou. Na zona mista do
Velódromo Saint-Quentin-en-Yvelines, o ciclista de 26 anos mostrou-se
agradecido e contente por estar nos Jogos Olímpicos, admitindo ser
“difícil descrever” o que se sente ao conquistar uma medalha. “Vejo
que toda a gente está muito contente. Eu também estou super alegre. Mas
a que é que sabe esta medalha? Não sei o que é que isto significa, na
verdade. Como digo, é só mais uma corrida no final das contas. Mas eu
estou muito feliz por estar aqui, mais uma vez digo e trazer este
resultado é especial. Mas eu ainda não sei quão especial é”, reiterou. Na
estreia olímpica masculina de Portugal no ciclismo de pista, Iúri
Leitão concluiu o omnium com 153 pontos, atrás do francês Benjamin
Thomas (164) e à frente do belga Fabio van den Bossche (131), dando a
segunda medalha à Missão portuguesa em Paris2024, depois do bronze da
judoca Patrícia Sampaio em -78 kg. “Acho
que [a prata] não vai mudar grande coisa. Eu tenho feito o meu trabalho
como sempre. O ano passado fui campeão do mundo. Este ano consegui,
digamos, confirmar o meu lugar nos melhores ciclistas do mundo. Acho que
não vai mudar grande coisa. Vou continuar a fazer a mesma coisa, vou
continuar a fazer o mesmo trabalho de sempre e esperar por oportunidades
para poder mostrar o meu valor”, resumiu. Leitão
discorda que o seu título de vice-campeão no omnium seja “o culminar do
ciclismo de pista”, nascido há 15 anos em Portugal. “Até
porque nós, como podemos ver, não temos uma equipa de perseguição
ainda. Infelizmente, ainda não temos meios para o poder fazer. É, sem
dúvida, o ponto mais alto em que o ciclismo de pista já esteve até ao
momento. Mas acho que ainda temos mais para evoluir. E acho que podemos
fazer muito mais como equipa, como país, como federação”, defendeu. Assumindo-se
“honrado de poder ser o representante que está aqui com esta medalha ao
peito e a dar esta alegria a Portugal”, notou que o ciclismo de pista
nacional ainda tem muito trabalho pela frente. “Falta
o mesmo de sempre, não é? Investimento, apoio, tempo, que também se
compra, na verdade, é mesmo assim. O tempo compra-se. E, enfim, essas
condições têm vindo a ser melhoradas também muito por culpa do nosso
trabalho extremamente redobrado. Temos feito omeletes sem ovos, como
costumamos dizer em Portugal, não é? E, enfim, cada vez nos dão mais
ovos para fazermos omeletes mais bonitas e já estamos a começar a fazer
bolos. Quem sabe se não conseguimos fazer alguma coisa melhor mais
tarde”, comparou. Convidado a deixar uma
declaração aos seus amigos/família da seleção, nomeadamente os gémeos
Rui, que vai disputar consigo o Madison no sábado, e Ivo Oliveira e o
experiente João Matias, o ‘dono’ da 30.ª medalha olímpica da história
nacional lamentou não ter podido deixar-lhes a mensagem que queria. “Nós
fizemos uma pequena homenagem no nosso capacete. Nós pusemos as
iniciais dos nossos colegas pré-selecionados que não vieram, mas
infelizmente a organização dos Jogos Olímpicos não permitiu que essas
letras estivessem no capacete. Mas eles sabem que nós somos um grupo
muito unido, somos como irmãos. Nós treinamos juntos, nós sofremos
juntos. Fazemos pontos todos para a mesma nação, para o mesmo grupo.
Isto na verdade é tudo para nós, não é?”, concluiu.