Açoriano Oriental
'Plano e Orçamento dos Açores vai empobrecer quem trabalha'

O líder do Bloco de Esquerda nos Açores, António Lima, criticou as propostas de Plano e Orçamento do Governo Regional para 2023, avisando que aqueles documentos vão levar ao “empobrecimento” de quem trabalha.

'Plano e Orçamento dos Açores vai empobrecer quem trabalha'

Autor: LUSA/AO Online

“O que a direita nos apresenta é uma política e um orçamento que serve para empobrecer quem trabalha e para beneficiar, cada vez mais, o poder económico de sempre, o mesmo que o PS nunca foi capaz de contrariar em 24 anos”, apontou o dirigente bloquista, em Ponta Delgada, no encerramento da primeira edição das Conferências Zuraida Soares, realizadas em homenagem à fundadora e primeira líder do partido nos Açores, entretanto falecida.

Para António Lima, os tempos atuais, marcados por uma “inflação galopante”, subida das taxas juros “que ameaçam deixar muita gente sem casa” e com o “risco de recessão à porta”, exigiam que os governos fossem “firmes nas políticas”, no sentido de contrariarem o empobrecimento da grande maioria da população que trabalha.

“Não é esse o governo que temos nos Açores. O Governo Regional, em vez de contrariar a transferência de rendimento do trabalho para o capital, em vez de contrariar o risco de recessão, aumentando o investimento público, faz exatamente o oposto: corta no investimento público!”, lamentou o líder do BE/Açores, referindo-se aos documentos que serão discutidos e votados no parlamento açoriano, entre 21 e 25 de novembro.

O dirigente bloquista recordou que as propostas de Plano e Orçamento do governo de coligação (PSD, CDS-PP e PPM) para 2023, preveem “menos 140 milhões de euros” do que o Plano e Orçamento deste ano, recordando que esta redução surge apenas para “agradar” à Iniciativa Liberal, um dos partidos que garante apoio parlamentar ao executivo liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro.

“O que a direita apresenta é o Orçamento com os maiores cortes de sempre. Tudo para sobreviver politicamente”, criticou António Lima, recordando que, mesmo sem aumentar o endividamento (que era uma das bandeiras do IL nos Açores), o Governo tinha margem para não cortar qualquer investimento público”.

Na sua opinião, estes cortes vão fazer com que, quem trabalha, seja ainda mais “sacrificado”, perante o aumento da “conta do supermercado”, apesar do vencimento continuar “igual”, ao passo que as empresas vão ter benefícios fiscais.

“Não aceitamos este caminho! Não desistimos de apontar alternativas. Defendendo o aumento de apoios sociais regionais e a sua abrangência! Exigindo o aumento da remuneração complementar em valor que compense a perda de poder de compra dos funcionários públicos”, insistiu o dirigente bloquista.

António Lima criticou também a “semelhança” cada vez maior, que considerou existir entre o Chega (nacional) e o CDS-PP nos Açores, dando como exemplo a afirmação de André Ventura de que os 125 euros de apoio do Governo da República “não podem ser gastos em whisky, tabaco e drogas" e a declaração de Artur Lima, vice-presidente do Governo Regional, de que o apoio à natalidade “não é para ser gasto em cerveja”.

“Não vos peço para descobrirem as diferenças, porque elas já não existem. A vice-presidência do Governo Regional tornou-se, de facto, num departamento do Chega”, lamentou o dirigente bloquista, recordando que o executivo açoriano também depende do apoio parlamentar do Chega no arquipélago.

As conferências Zuraida Soares, que ocorreram em Angra do Heroísmo (no sábado) e em Ponta Delgada (este domingo), pretendem homenagear a luta “incansável da antiga fundadora, deputada e líder do BE nos Açores, que dedicou a sua vida à luta por “uma sociedade mais justa, mais solidária e mais fraterna”.

PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados