Açoriano Oriental
Personalidades remetem manifesto a Pedro Catarino

Subscritores do manifesto pretendem alertar para o atual paradigma nos Açores. Manifesto será depois remetido a Marcelo Rebelo de Sousa

Personalidades remetem manifesto a Pedro Catarino

Autor: Rafael Dutra

Uma delegação de três subscritores do ‘Manifesto pelo desenvolvimento humano e por uma ideia de futuro na Região Autónoma dos Açores’, publicado em janeiro do corrente ano, vai reunir-se hoje com o Representante da República para os Açores, no Solar da Madre de Deus, em Angra do Heroísmo, ilha Terceira. Para além de apresentar este documento a Pedro Catarino, pretendem remeter o mesmo ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O grupo constituído por José Henrique Ornelas, Maria João Vargas-Moniz e Joel Neto visa  “sensibilizar para os devastadores índices de desenvolvimento humano em vigor na Região”.

“O que nós pretendemos é sobretudo alertar as instituições, nomeadamente a presidência da República e os titulares dos cargos políticos”, explica, em declarações ao Açoriano Oriental, Joel Neto, um dos autores do manifesto, a par de José Henrique Ornelas e João de Melo.

Para o escritor açoriano, o  motivo de alerta está relacionado com a “emergência humana que se vive neste momento nos Açores” e “que não se deixou de viver em resultado do facto de termos emitido um manifesto e de ele ter desagradado a tanta gente no passado mês de janeiro”, aponta.

Apesar de admitir que houve algumas “notícias positivas” do ponto de vista da educação, Joel Neto realça que “ainda assim”, os Açores “continuam muito longe dos indicadores nacionais de abandono escolar precoce” e que nos “mais de 40  índices de desenvolvimento humano em que os Açores lideram”, a “situação mantém-se exatamente a mesma” ou até é “pior” em alguns casos.

Por esse motivo, salienta que existe uma “absoluta indiferença das elites açorianas em relação aos princípios da equidade e da justiça, e ao valor da mobilidade social, da autonomia da pessoa e da liberdade individual, que tem de ser promovida nos Açores”.

Questionado sobre o que pretende alcançar junto de quem tem poder para efetivamente mudar esta situação, o coautor do manifesto indica que, mais do que sensibilizar, “é preciso chocar quem está no poder”.

“Enquanto os titulares dos cargos políticos não se chocarem com essa situação e não tiverem vergonha da sua absoluta indiferença a esta situação durante tantos anos, e aliás durante tantas décadas, eles não vão mudar a conduta no que diz respeito a esta situação”, sustentou o escritor açoriano.

Tratam-se de muitos problemas “que são estruturais” e de outros que “estão a caminho de serem estruturais, mas que inclusive são reforçados com decisões conjunturais”, afirma.

Nesse sentido, dá o exemplo em particular do número de pessoas institucionalizadas que “se verifica nos Açores, como não se  verifica em mais nenhum ponto no país ou sequer na Europa”.

Referindo-se à ilha Terceira em particular, diz que há mais pessoas internadas “por doença mental”, ou por “escassez de cuidadores na família”, do que em  qualquer “outro território a nível Europeu: É qualquer coisa de absolutamente chocante”, frisa.

“São pessoas que estão condenadas à partida, porque estão institucionalizadas, não têm qualquer possibilidade de reencontrar o caminho da liberdade individual e da autonomia”, acrescenta Joel Neto.

Recorde-se que o ‘Manifesto pelo desenvolvimento humano e por uma ideia de futuro na Região Autónoma dos Açores’ contou com a subscrição de 21 personalidades subscritoras, numa lista de escritores, jornalistas, professores universitários, médicos ou artistas na sua maioria açorianos e a residir na Região, no continente ou na diáspora.

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