Autor: Lusa/AO Online
Pedro
Nuno Santos falava momentos depois de ter assinado com o ministro da
Defesa, João Gomes Cravinho, e com o secretário de Estado do Tesouro,
Miguel Cruz, um protocolo para a edificação de novos fogos em espaços
desativados das Forças Armadas. Na
sua intervenção, que antecedeu a de António Costa nesta sessão que
decorreu nas antigas instalações do Hospital Militar da Estrela, em
Lisboa, Pedro Nuno Santos começou por fazer rasgados elogios à ação da
sua secretária de Estado da Habitação, Marina Gonçalves, dizendo que “é
uma máquina”. Na
parte mais ideológica e emotiva do seu discurso, Pedro Nuno Santos
sustentou a tese de que a habitação foi um direito constitucional
esquecido, ao contrário da saúde e da educação no pós 25 de Abril de
1974. “O lar
é o espaço onde reunimos com a família, onde nós somos felizes e onde
nós também podemos ser tristes. É o espaço onde descansamos e
alimentamos. É o nosso lar. E a verdade é que nós, durante muitos anos, o
Estado teve algumas políticas limitadas no tempo e no território,
promovendo até mecanismos de mercado que, tendo ajudada cidadãos a
comprar casa, também os endividou para o resto da vida. E não houve
qualquer consequência no preço do imobiliário”, observou, aqui numa
alusão ao crédito bonificado. De
acordo com este dirigente socialista, conotado com a ala esquerda do
PS, a administração central “deixou estas tarefas para os municípios,
que, ao longo de décadas, em grande parte do território, estiveram,
sozinhos, a dar resposta às necessidades de habitação”. “Falamos
tantas vezes que o mercado falhou, que o mercado falhou e que o mercado
falhou, mas, aqui, neste caso, o Estado falhou. Falhámos enquanto
comunidade e hoje sentimos de forma mais dura as consequências da
ausência de uma política de habitação consistente e perene para todo o
território”, acentuou. O
ministro das Infraestruturas reconheceu a existência de um “problema
grave” nos maiores centros urbanos e junto das populações mais
carenciadas, mas defendeu que a questão é ainda maior, em primeiro lugar
porque as classes médias foram esquecidas pela resposta pública. “Nos
maiores centros urbanos o preço atingiu patamares inimagináveis, mas o
problema é transversal. A região do Algarve, por exemplo, que tem tantos
imóveis, possui um problema grave de habitação. De facto, o problema da
habitação é hoje nacional e transversal”, advogou. Além
dos elogios que ao longo da sua intervenção fez à sua secretária de
Estado, Pedro Nuno Santos referiu-se também ao primeiro-ministro,
sobretudo na parte final. Depois
de considerar que o Governo, no âmbito do PRR, pôs em marcha “três
programas que vão revolucionar a forma como se trata a habitação em
Portugal, com o Estado a assumir as suas responsabilidades”, Pedro Nuno
Santos disse que essa prioridade foi definida por António Costa já na
anterior legislatura. “Estamos
a fazer uma revolução. Com a Marina Gonçalves, tenho orgulho em estar a
fazer isto sob a liderança do primeiro-ministro. Foi António Costa quem
em 2015 - para não dizer que foi antes em 2014 – elegeu a habitação
como uma prioridade”, acrescentou. Já
Marina Gonçalves destacou na sua longa intervenção que o plano pretende
dar resposta a cerca de 26 mil famílias, a duas mil situações de
vulnerabilidade de emergência através da bolsa nacional de alojamento
temporário e, no caso do parque público de habitação a custos
acessíveis, o Governo pretende responder a 6800 famílias.