Açoriano Oriental
Israel
Organizações humanitárias pedem a Telavive que cancele ordem de evacuação

Todas as organizações humanitárias da ONU pediram a Israel que cancele a sua ordem de evacuar completamente o norte de Gaza nas próximas horas “para evitar transformar o que já é uma tragédia numa situação de calamidade”.

Organizações humanitárias pedem a Telavive que cancele ordem de evacuação

Autor: Lusa/AO Online

Tal como o resto da população de Gaza, todos os trabalhadores da ONU são afetados por este ultimato, bem como as 440.000 pessoas deslocadas que procuraram refúgio nas escolas e noutras instalações que a organização gere naquele território palestiniano.

O porta-voz da ONU em Genebra, Rolando Gómez, disse que altos responsáveis das Nações Unidas, em particular a coordenadora humanitária na região, Lynn Hastings, estão a “fazer todos os esforços” para que as autoridades israelitas recuem, dada a impossibilidade de cumprir a ordem.

A ONU estima que, até agora, 23 trabalhadores humanitários tenham morrido na sequência dos ataques israelitas contra Gaza, 11 dos quais eram profissionais de saúde e 12 funcionários da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) garantiu que a evacuação dos hospitais no norte de Gaza é impossível, alertando que muitos pacientes morreriam na transferência e que os hospitais na zona sul da Faixa de Gaza também estão sobrelotados e não têm capacidade para cuidar daqueles que iriam chegar.

“Transferir pacientes muito doentes, incluindo crianças, que dependem completamente de apoio médico para sobreviver, e pedir à equipa médica que abandone a zona, vai além da crueldade”, disse o porta-voz da organização, Tarik Jasarevic.

“Retirar este apoio vital seria condená-los à morte”, frisou, depois de lembrar que a OMS tem provisões médicas prontas no Egito, que aguardam apenas a abertura de um corredor humanitário que permita a sua chegada à população de Gaza.

O único corredor humanitário que parece possível é Rafah, na fronteira com o Egito, e é o único ponto de entrada que não é controlado por Israel.

Apesar dos apelos humanitários para a abertura daquela passagem, o Egito mantém-na fechada à passagem de pessoas e bens há três dias consecutivos, depois de as forças israelitas terem atacado alvos perto daquela área.

Também o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários lançou um apelo urgente de financiamento de 300 milhões de dólares (cerca de 285 milhões de euros) para que uma rede de uma centena de organizações humanitárias possa responder às necessidades mais urgentes de quase 1,2 milhões de habitantes de Gaza.

Trata-se de cobrir as necessidades mais básicas de alimentação, abrigo, saúde, acesso a serviços de água potável e higiene, bem como educação para as crianças, explicou a mesma entidade.

Os apelos das estruturas da ONU foram ainda corroborados pela organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) que criticou a ordem dada por Israel, lembrando que não há para onde fugir.

“Ordenar a retirada de um milhão de pessoas de Gaza, quando não há lugar seguro para onde ir, não é um aviso eficaz. As estradas estão em escombros, o combustível é escasso e o hospital principal fica na zona de evacuação”, afirmou o principal consultor jurídico da HRW, Clive Baldwin, num breve comunicado hoje divulgado.

“Esta ordem não altera a obrigação de Israel de nunca atingir civis nas operações militares e de tomar todas as medidas possíveis para minimizar os danos a civis”, sublinhou o representante, acrescentando que “os líderes mundiais deveriam falar agora, antes que seja tarde demais”.

Israel ordenou hoje que mais de um milhão de pessoas que estão no norte de Gaza abandonem a região nas próximas 24 horas, uma medida que deve anteceder uma incursão terrestre no território palestiniano.

O movimento islamita Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, lançou no sábado um ataque-surpresa contra o território israelita, ao qual Israel respondeu com bombardeamentos, que já duram há sete dias, a várias instalações do Hamas naquele território palestiniano.


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