Autor: Lusa/AO Online
Testemunhando em mais uma sessão do julgamento de Chauvin, o chefe da Polícia, Medaria Arradondo, afirmou que pressionar o pescoço do detido com o joelho depois de este estar algemado e de borco, como fez o ex-agente, “não é de alguma maneira, forma ou feitio” parte das normas ou treino policial.
“Certamente que não é parte da nossa ética e valores”, adiantou Arradondo, que na sequência da morte de Floyd em Maio de 2020 demitiu Chauvin e os outros três agentes que o acompanhavam.
Arradondo, o primeiro afro-americano a dirigir a polícia de Minneapolis, defendeu no passado que o caso de Floyd é de “homicídio”.
As imagens da detenção de Floyd, com Chauvin a pressionar o pescoço por mais de nove minutos, apesar de o detido gritar “não consigo respirar”, causaram motins em todos os Estados Unidos no verão passado, com a vítima a tornar-se símbolo da violência policial contra os afro-americanos.
A defesa de Chauvin baseia-se no argumento de que seguiu o protocolo de detenção e que a causa da morte de Floyd foi o consumo de drogas associado a outros problemas de saúde.
No início da segunda semana do julgamento, os jurados ouviram o testemunho do médico que declarou o óbito de Floyd, Bradford Langenfeld, que disse não ter tido conhecimento de quaisquer esforços para reanimar a vítima antes da intervenção dos paramédicos.
Baseado nas informações disponíveis, disse, “o mais provável” é que a paragem cardíaca de Floyd tenha sido causada por “asfixia ou falta de oxigénio”.
Questionado por Eric Nelson, advogado de Chauvin, se drogas como fentanyl ou metanfetaminas - ambas detetadas na vítima através de autópsia - podem causar falta de oxigénio, o médico reconheceu que sim.
O médico legista do condado classificou a causa da morte de Floyd como homicídio, relacionando-a com compressão nas vias respiratórias, e classificou o consumo de drogas como “outras condições significativas”.
Na sexta-feira, o agente mais experiente da Polícia de Minneapolis, Richard Zimmerman, considerou em tribunal "absolutamente desnecessária e injustificada" a "força mortal" usada contra Floyd.
"Colocá-lo de bruços com um joelho no pescoço por tanto tempo foi simplesmente injustificado, absolutamente desnecessário", afirmou Zimmerman, acentuando que "ajoelhar sobre o pescoço de alguém pode matar", é uma "força mortal".
É esperado um veredicto no fim de abril ou no início de maio.
Os outros três polícias implicados, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, serão julgados em agosto acusados de cumplicidade no homicídio.