Açoriano Oriental
Narrativa emocionante de refugiada premiada em concurso literário

A ucraniana Anzhelika Chyrka que vive em Vila Franca do Campo recebeu uma menção honrosa no concurso literário “Saudades da Terra”

Narrativa emocionante de refugiada premiada em concurso literário

Autor: Ana Carvalho Melo

O texto “A ilha de São Miguel é exatamente o local para onde apetece voltar” da ucraniana Anzhelika Chyrka recebeu uma menção honrosa no concurso literário “Saudades da Terra”, promovido pela Direção Regional das Comunidades e direcionado a imigrantes a residir na Região.

A viver nos Açores desde que a Ucrânia foi invadida pela Rússia, Anzhelika Chyrka decidiu participar neste concurso por influência de uma amiga e pelo seu gosto pela escrita, tendo no seu texto refletido sobre a dificuldade em abandonar o seu país, a jornada até aos Açores e a sua experiência na Região.

“‘Esta é a nossa vila’ - disse José com orgulho quando entramos na Vila Franca do Campo. E notei como ele se alegra sinceramente quando essas casinhas brancas, plantações de ananás e banana aparecem no horizonte. José, com a esposa Selma e as duas filhas Sara e Inês generosamente abriram a porta de sua casa quando eu estava fugindo, com os meus dois filhos, da guerra na Ucrânia. Eu estava com medo, confusa e chorei o tempo todo. Mas o tempo cura e é verdade! E quando tu passas esse tempo na ilha de São Miguel, teu coração dilacerado se cura muito mais rápido”,descreve Anzhelika Chyrka no início do seu texto.

Passado mais um ano, Anzhelika Chyrka diz que não pensa em ir-se embora de São Miguel, onde se sente integrada e os filhos frequentam a escola. Mas como conta, ainda precisa de melhorar os seus conhecimentos de português e conseguir o tão desejado emprego. Em Kharkiva, na Ucrânia, trabalhava como gerente de uma ótica, mas por cá a falta de conhecimento da Língua portuguesa tem sido um entrave.

Situação que a sua filha Sofia de nove anos já conseguiu superar, ajudando a mãe quando necessário, como foi o caso da tradução do texto submetido a este concurso.
Para o júri, constituído pelo romancista Pedro Almeida Maia, a poetisa Eleonora Marino Duarte e o jornalista Paulo Simões, esta menção honrosa foi atribuída, por se tratar de “uma narrativa emocionante sobre o refúgio da guerra” e por cumprir a ideia de “testemunho à imigração nos Açores”, além de “uma perspetiva pessoal sobre a terra de acolhimento”.

Ao Açoriano Oriental, o diretor regional das Comunidades, José Andrade, realçou que esta iniciativa pretendeu “valorizar a presença das comunidades estrangeiras residentes nos Açores”.

“Temos cada vez mais cidadãos estrangeiros a residirem oficialmente nas nossas ilhas. De 2022 em relação a 2021 registamos um aumento da ordem dos 12%, o que significa, segundo relatório mais recente do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, que vivem nos Açores atualmente 5096 cidadãos estrangeiros” provenientes 95 nacionalidades diferentes”, revelou, salientando que esta iniciativa visou contribuir para que estes cidadãos “se sintam bem acolhidos e fiquem bem integrados”.

Nesta edição experimental do concurso, sete textos literários produzidos por imigrantes de diferentes nacionalidades foram submetidos à apreciação do júri.

No que diz respeito à atribuição do prémio do concurso, uma viagem para duas pessoas em qualquer rota internacional operada pela SATA, o júri considerou não ter existido produção literária com qualidade adequada, pelo que deliberou, por unanimidade, não premiar nenhum dos textos concorrentes.

Desta forma, a Direção Regional das Comunidades e a sua entidade parceira, a SATA, decidiram que o mesmo prémio fica válido para a segunda edição do concurso literário “Saudades da Terra”, prevista para o primeiro semestre do próximo ano. 

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