Autor: Lusa /AO Online
No final da Assembleia Geral da UMP, que se realizou hoje no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, concelho de Ourém, Manuel Lemos afirmou à Lusa que “as pessoas estão muito preocupadas com o impacto do salário mínimo”.
“Claro que não se discute o aumento, mas isso vai representar cerca de 48 euros a mais por mês, por cada trabalhador. Como o financiamento [das misericórdias] é feito com as reformas [utentes], que como se sabe são baixíssimas, com a comparticipação das famílias, que estão completamente sufocadas e não conseguem ajudar mais, o Estado cada vez que toma medidas deste género, por muito justas que sejam, tem depois de ter um aumento igual nas suas comparticipações, o que não tem acontecido”, disse Manuel Lemos.
O presidente da UMP reforçou que os valores atuais das comparticipações do Estado às misericórdias já as deixa “numa situação muito complicada”.
“Além da dificuldade objetiva de pagar todos os meses, o salário mínimo está-se a transformar cada vez mais num salário médio, o que é mau para as pessoas e para a qualificação de cada um”, acrescentou.
Mais de 200 mil trabalhadores do setor social auferem, atualmente, o salário mínimo, revelou, esta sexta-feira, a dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS) Elisabete Gonçalves.
“São na ordem dos 200 e tal mil trabalhadores que estão encaixados no salário mínimo nacional”, revelou a dirigente sindical em declarações à margem da greve nacional, indicando que esse número atinge “várias profissões” do setor social, acrescentando, a propósito, que “havia uma distinção entre os trabalhadores que tinham algum curso técnico, mas neste momento a tabela salarial está a ficar achatada, com as diferenças salariais a serem cada vez mais reduzidas”.
Em comunicado, a FNSTFPS revela que “os apoios financeiros por parte do Estado às IPSS, entre 2019 e 2021, tiveram um aumento de 11%, dos quais 3,6% se verificaram em 2021, as instituições estabeleceram aumentos dos salários ínfimos, com efeitos só a partir de julho”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou, no dia 06 de dezembro, os decretos do Governo que aumentam o salário mínimo para 705 euros e as remunerações da administração pública.
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, disse dias antes que a aprovação do aumento do salário mínimo nacional em 2022 para 705 euros aconteceu “na sequência da auscultação dos parceiros sociais", e cumprindo o compromisso assumido em 2015 e renovado em 2019 para “chegar a 2023 com 750 euros”.