Autor: Lusa/AO Online
"Nós não mudamos de princípios. E manteremos também o mesmo rumo, no caso de nos darem a vossa confiança para um mandato no Conselho de Segurança, daqui a cinco anos", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, na 76.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.
Antes, na sua intervenção, o chefe de Estado reiterou o apoio de Portugal à reforma da ONU e do Conselho de Segurança, "pelo menos com presença africana, do Brasil e da Índia como membros permanentes", para que seja "retrato do século XXI", acrescentando: "Mas isso implica também meios financeiros adicionais".
Marcelo Rebelo de Sousa, que discursou em português, durante dez minutos, defendeu que "importa ampliar, aprofundar e acelerar as reformas nas Nações Unidas, na gestão, na paz e segurança, no sistema de desenvolvimento, e também avançar na reforma do Conselho de Segurança".
"Resistir às reformas, negar recursos significa, na prática, enfraquecer o multilateralismo e criar situações de crise, com prejuízo para todos", argumentou.
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, que têm direito de veto, são os Estados Unidos de América, a Federação Russa, a França, o Reino Unido e a República Popular da China.
Todos os anos, a Assembleia Geral elege cinco de um total de dez membros não-permanentes, que nos termos de uma resolução da ONU são distribuídos da seguinte forma: cinco africanos e asiáticos, um da Europa de Leste, dois da América Latina, dois da Europa Ocidental e outros Estados.
Portugal foi membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU em 1979-1980, 1997-1998 e 2011-2012.
Este órgão foi criado para manter a paz e a segurança internacionais em conformidade com os princípios das Nações Unidas.
Em janeiro de 2013, o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, anunciou que Portugal iria apresentar uma nova candidatura ao Conselho de Segurança para um mandato em 2027-2028 – a eleição realiza-se em 2026 – e pediu aos diplomatas portugueses que começassem desde logo a trabalhar nesse objetivo.
"Para quem pensa que ainda é muito longe, lembrem-se que sempre que fomos eleitos começamos a trabalhar muito cedo", disse na altura Paulo Portas, num seminário diplomático em Lisboa.
Em junho passado, Brasil, Emirados Árabes Unidos, Albânia, Gana e Gabão foram eleitos para mandatos no Conselho de Segurança da ONU que terão início em 01 de janeiro de 2022, em que substituirão Estónia, Níger, São Vicente e Granadinas, Tunísia e Vietname, atuais membros cujos mandatos terminam em 31 de dezembro deste ano.
Índia, Irlanda, Quénia, México e Noruega são os outros atuais cinco membros não-permanentes do Conselho de Segurança, com mandatos até ao fim de 2022.
Após intervir nas Nações Unidas, Marcelo Rebelo de Sousa falou aos jornalistas sobre o discurso que tinha acabado de fazer e, a propósito da candidatura de Portugal ao Conselho de Segurança da ONU, assinalou a continuidade da política externa portuguesa.
"Nós não mudamos –eu disse três vezes. Com Portugal, já sabem aquilo com que podem contar. Nós somos fiáveis neste diálogo, nesta procura de consensos, nesta procura do multilateralismo", declarou.