Autor: Lusa/AO Online
"É uma proposta demagógica e eleitoralista", justificou Manuel Pereira, deputado da bancada do PS, durante a aprovação do projeto de resolução, acusando os comunistas de pretenderem "dar tudo a todos", sem terem em conta que nem todas as carreiras da função pública merecem o mesmo apoio.
João Paulo Corvelo, deputado único do PCP na Assembleia Legislativa dos Açores, explicou que o seu objetivo era fazer com que o Governo Regional, liderado pelo socialista Vasco Cordeiro, criasse um subsídio correspondente a 20% do vencimento, para os trabalhadores da administração regional sujeitos a maior risco e insalubridade nesta altura de pandemia.
"Principalmente quando vivemos um período de particular sensibilidade, a representação parlamentar do PCP apresenta a presente resolução, com vista à atribuição de um subsídio, de valor equivalente a 20% da remuneração base, aos trabalhadores da administração pública que prestam o seu trabalho em situações de risco, penosidade e insalubridade", justificou o parlamentar comunista.
A iniciativa do PCP não discriminava, no entanto, quais as carreiras que deveriam ter acesso a esse subsídio, nem o impacto previsível desta medida, razão pela qual o secretário adjunto da Presidência, Berto Messias, considerou que a proposta era "demasiado abrangente" e difícil de quantificar, em termos financeiros.
"Dar tudo a todos, sem saber muito bem como, sem saber muito bem porquê, sem avaliar o impacto financeiro, sem definir o universo a que se refere, não faz sentido", insistiu o governante.
Mas Mónica Seidi, deputada da bancada do PSD, entende que sobretudo os profissionais de saúde mereciam um apoio excecional por parte do governo açoriano, devido à luta que têm enfrentado no combate à Covid-19 no arquipélago.
"Estamos aqui ao lado do PCP nesta proposta, sem nunca esquecer a importância das carreiras do setor da Saúde na região, porque entendemos que, num dia, não podem ser aplaudidos estes profissionais e, no dia seguinte, serem esquecidos", realçou.
Pelo CDS, Catarina Cabeceiras lembrou os trabalhadores que "asseguraram a continuidade de vários serviços" durante o pico da crise pandémica, definindo como "da mais elementar justiça" o suplemento proposto pelo PCP.
Já o BE, pelo deputado Paulo Mendes, destacou o "trabalho e dedicação de todos os profissionais de saúde que se dedicaram de corpo e alma" ao combate à pandemia, lamentando a ausência da secretária com a tutela, Teresa Luciano, do debate parlamentar.
Apesar de ter contado com os votos favoráveis do PSD, do CDS, do PCP, e do BE, a proposta do PCP acabou chumbada no parlamento, com os votos contra da bancada do PS e com a abstenção da deputada independente, Graça Silveira.