Açoriano Oriental
Ilha do Corvo procura manter vivas singularidades linguísticas

Os habitantes da ilha do Corvo desenvolveram através do isolamento e dos seus povoadores expressões e palavras singulares na língua portuguesa que têm sido revisitadas numa iniciativa do Ecomuseu local, visando a sua preservação.

Ilha do Corvo procura manter vivas singularidades linguísticas

Autor: Lusa/AO Online

Em declarações à agência Lusa, o professor, escritor e investigador Victor Rui Dores, especialista em sotaques e falares do arquipélago dos Açores, refere que “os primeiros povoadores, vindos do norte, centro e sul do país, deram origem aos diferentes sotaques ao fixarem-se nas diferentes ilhas”.

As pronúncias e os termos variam na região “não só de ilha para ilha, mas dentro de cada ilha, de freguesia para freguesia, de lugar para lugar”. O isolamento também foi determinante, “tal como em Trás-os-Montes, nas Beiras e Alentejo”, de acordo com Victor Rui Dores.

Localizada já na placa tectónica norte-americana, com cerca de 400 habitantes numa área de 17,1 quilómetros quadrados e um único povoado, a ilha do Corvo terá sido descoberta pelo navegador português Diogo de Teive, em 1452.

“Prevalece nos Açores o arcaísmo, a estrutura arcaica, as expressões mais antigas do português de quinhentos, trazido nas caravelas do século XV e que aqui ficou armazenado”, explica o especialista.

Victor Rui Dores refere especificamente sobre o Corvo “a palatalização do ‘u’, bem como a vogal aberta, a par dos arcaísmos”.

É caso de “asinha asinha” (depressa), do “ervanço”, em alternativa a grão-de-bico, ou do “falar à beirinha”, que significa falar ao ouvido, bem como “farsante” (galo) ou “major” (penico).

No Corvo, uma "ministra" é uma mesinha de cabeceira e um “palhoco” é um pateta, entre muitos outros exemplos identificados pelo investigador na ilha.

Todo este legado linguístico está a ser revisitado num projeto do Ecomuseu do Corvo que visa “manter vivo este património e passá-lo às novas gerações”, de acordo com a diretora da instituição.

Deolinda Estevão indica, em declarações à Lusa, que o objetivo é não “deixar morrer os termos” específicos que foram “desenvolvidos devido ao isolamento” a que a ilha estava sujeita.

A representante explica que o projeto, com início em 2021, consiste no lançamento uma palavra, uma vez por semana, através das redes sociais. Os habitantes da ilha (cerca de 400) interagem nessas plataformas e dão a sua opinião sobre o significado do termo.

Segundo a diretora, esta “é uma das atividades com mais sucesso” do Ecomuseu - as pessoas que participam no fórum estranham quando a palavra semanal não é lançada atempadamente, entrando em contacto com a instituição.

O Ecomuseu, explica, “tem por meta reunir todos os termos e reuni-los num glossário”.

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