Açoriano Oriental
2022/fevereiro
Guerra sem fim à vista na Ucrânia com inverno como arma

O ano passado terminou com líderes mundiais ao telefone a tentar evitar uma guerra na Ucrânia, mas a invasão russa aconteceu em fevereiro e o inverno é agora encarado como mais uma arma num conflito sem fim à vista.

Guerra sem fim à vista na Ucrânia com inverno como arma

Autor: Lusa/AO Online

Após meses a concentrar dezenas de milhares de tropas na fronteira, o Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a invasão do país vizinho em 24 de fevereiro, para o “desmilitarizar e desnazificar”.

O que parecia uma guerra desigual em meios e efetivos, que Putin queria rápida, arrastou-se até agora, e as perspetivas de uma solução são, para já, escassas.

Esta guerra mergulhou a Europa na pior crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com ameaças de uso de armas nucleares, mais de 14 milhões de deslocados, e baixas civis e militares por contabilizar.

Ao longo dos últimos dez meses, a Ucrânia foi recebendo armamento ocidental para enfrentar os invasores, que acabaram repelidos para sul e leste, numa série de reveses militares embaraçosos para Moscovo.

A retirada russa do norte permitiu descobrir corpos com sinais de execuções sumárias, levando Kiev a exigir um tribunal internacional especial para julgar possíveis crimes de guerra, negados por Moscovo.

A Rússia, que já tinha incorporado a Crimeia em 2014, anexou em setembro Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, onde se localiza a maior central nuclear da Europa.

Sob controlo russo, a central é uma fonte de preocupação por ser cenário de combates, fazendo recear um desastre nuclear numa Ucrânia que já tem o recorde do pior acidente do género, em Chernobil, em 1986, quando integrava a União Soviética.

A guerra tornou evidente a dependência energética da Europa em relação à Rússia, que foi cortando os fornecimentos de gás à medida que era alvo de sanções.

Essa incerteza desencadeou uma crise económica em plena pandemia de covid-19, além do medo de um inverno duro para os europeus, o que levou muitos governos a procurar fornecedores energéticos alternativos.

Há também o receio de uma crise alimentar global por a guerra ter suspendido a exportação de cereais e fertilizantes agrícolas de dois dos principais fornecedores do mundo, uma situação atenuada em julho, com os acordos do Mar Negro.

Nos últimos meses, Moscovo tem bombardeado as redes energéticas ucranianas, como admitiu Putin em 08 de dezembro, para usar as temperaturas baixas no país contra milhões de civis.

O conflito empurrou a Ucrânia em direção à União Europeia e à NATO, com Suécia e Finlândia a solicitarem também a adesão à Aliança Atlântica.

Esta guerra tem dois rostos: Vladimir Putin, 70 anos, no poder desde 1999, e Volodymyr Zelensky, 44 anos, o ex-comediante que preside à Ucrânia desde 2019, por vontade dos ucranianos.


Outros acontecimentos de fevereiro

A Polícia Judiciária executa o arresto do património do ex-banqueiro João Rendeiro, na Quinta Patino, em Cascais, e em outros locais, no âmbito de um "processo em que João Rendeiro já foi condenado", segundo foi noticiado em 02 fevereiro.

O ‘site’ da Assembleia da República volta a estar disponível, em 02 de fevereiro, depois de ter sido noticiado que foi alvo de um ataque informático anunciado pelos ‘hackers’ Lapsu$ Group, em 30 de janeiro. Segundo o semanário Expresso, este grupo de ‘hackers’ que diz ter roubado informação do ‘site’ do parlamento português é o mesmo que atacou no início do mês o Grupo Impresa, destruindo milhões de ficheiros do Expresso e da SIC.

Rui Rio, presidente do PSD, derrotado nas eleições legislativas de 30 de janeiro, confirma que irá deixar a liderança do partido e manifesta vontade de sair, no máximo, até ao fim de julho.

A Vodafone inicia o restabelecimento dos serviços base de dados móveis sobre a sua rede 4G, "na sequência de uma intensa e exigente operação de reposição", em 08 de fevereiro. A operadora assume que foi alvo de um ciberataque a 07 de fevereiro e diz que não tem indícios de que os dados de clientes tenham sido acedidos e/ou comprometidos, estando determinada em repor a normalidade dos serviços. Três dias depois, o alvo dos ataques é o Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa.

Um jovem de 18 anos é detido pela Polícia Judiciária (PJ), que diz ter impedido assim uma “ação terrorista” e ter apreendido várias armas proibidas. Em comunicado, a PJ diz que a investigação que levou à detenção foi desencadeada “por suspeitas de atentado dirigido a estudantes universitários da Universidade de Lisboa”.

A China e a Rússia denunciam, numa declaração conjunta em 04 de fevereiro, a influência dos Estados Unidos e o papel das alianças militares ocidentais na Europa e na Ásia como desestabilizadores. No documento, os dois países afirmam-se “contrários a qualquer futuro alargamento da NATO” e denunciam a “influência negativa da estratégia (para o) Indo-Pacífico dos EUA sobre a paz e a estabilidade na região”. A China e a Rússia manifestam-se ainda preocupados com a aliança militar dos EUA com o Reino Unido e a Austrália (conhecida por AUKUS), estabelecida em 2020.

A seleção portuguesa de futsal revalida o título europeu, ao vencer a Rússia por 4-2 na final do campeonato da Europa de 2022, em Amesterdão, juntando-o ao cetro mundial, em 06 de fevereiro.


Frases de fevereiro

“Meritíssimo, eu não estou em condições de prestar declarações. Foi-me atribuída uma doença de Alzheimer.”

Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, em tribunal, acusado de três crimes de abuso de confiança

08-02-2022

“Tomei a decisão de uma operação militar especial. Vamos esforçar-nos para alcançar a desmilitarização e a desnazificação da Ucrânia.”

Vladimir Putin, Presidente russo, numa declaração na televisão

24-02-2022

“Só tenho uma coisa a dizer do fundo do meu coração: Presidente Putin impeça as tropas de atacar a Ucrânia. Dê uma oportunidade à paz. Muitas pessoas já morreram.”

António Guterres, secretário-geral da ONU

24-02-2022

“É preciso internar o louco.”

Milos Zeman, Presidente da República Checa, referindo-se a Vladimir Putin

24-02-2022

“[O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e os seus ministros são] uma panelinha de viciados em drogas e neonazis, que se estabeleceram em Kiev e fizeram refém todo o povo ucraniano.”

Vladimir Putin, presidente russo, numa intervenção transmitida pela televisão russa

25-02-2022

“Estamos aqui. Estamos em Kiev. Estamos a defender a Ucrânia.”

Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia, no vídeo de 32 segundos, gravado por si na rua Bankova, em frente ao Gabinete do Presidente da Ucrânia

25-02-2022




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