Açoriano Oriental
Tecnologia
Criados jogos para computador e robôs aéreos auto-suficientes
A Neoscopio, uma empresa portuense constituída por um engenheiro, um físico, um químico e um psicólogo, começou o desenvolver um “jogo de acção” para computador cujo “cenário pode ser a Baixa do Porto”.

Autor: Lusa / AO online
O jogo ainda não tem nome e a sua história ainda está por definir, mas Miguel Andrade, director-geral da empresa e seu porta-voz, disse à Lusa que “estará disponível daqui por seis meses”´.

    “Isto é inédito para o desenvolvimento de um jogo, que normalmente demora anos”, sublinhou.

    O segredo, afirma, reside na “utilização de parte de outros jogos” cujo “software” é do tipo “open source”, ou seja, de acesso livre.

    É esta matéria-prima tecnológica que a Neoscopio trabalha numa pequena sala rectangular de um dos pavilhões da UPTEC - Parque de Ciências e Tecnologia da Universidade do Porto.

    O utilizador deste tipo de software, revela Miguel Andrade, tem “autorização para o modificar conforme lhe apetecer e fazer com ele o que lhe apetecer. Pode fazer as cópias que quiser desse software e inclusive vendê-lo”.

    A empresa apostou na “comercialização de software em open source” e os clientes-alvo são as “médias e grande empresas”.

    Segundo o seu director, “existe imenso software deste tipo pelo mundo inteiro, mas também há falta de empresas que dêem apoio, formação e garantia” nesta área.

    A Neoscopio já tem um cliente: a Entidade Reguladora da Saúde (ERS), para a qual Miguel Andrade, engenheiro electrotécnico, e a sua equipa fizeram “um portal para reclamações on-line”.

    “A ERS antecipou-se e teve o seu “site” a respeitar as normas neste domínio, com o nosso software”, orgulha-se o responsável, detendo-se depois no jogo que a empresa começou a desenvolver.

    “Vai ser disponibilizado gratuitamente para download”, revela, entusiasmado.

    Será um jogo em que “há combates e os jogadores tentam eliminar-se mutuamente”, esclarece, ao mesmo tempo que faz uma rápida demonstração num computador portátil.

    Não muito longe dali, num espaço similar, dois engenheiros mecânicos procuram desenvolver “instrumentos musicais em materiais compósitos, como as fibras de vidro e de carbono”.

    Júlio Martins e João Petiz juntaram-se e constituíram a IDEIA.M - Investigação e Desenvolvimento de Acessórios e Instrumentos Musicais.

    A UPTEC acolheu-os e desde então trabalham numa “ideia” que Júlio Martins considera “praticamente inovadora” e com potencial para ser um bom negócio. As vantagens “são inerentes aos materiais”, destacando-se, em primeiro lugar, “o peso”.

    Desenganem-se, no entanto, aqueles que pensam que poderão partir mais facilmente as suas guitarras de carbono em pleno palco, para gáudio dos fãs mais entusiastas.

    “Bem pelo contrário”, contraria Júlio Martins.

    Não é por acaso que “a fibra de carbono é famosa por ser utilizada nos carros de fórmula 1 e na indústria aeronáutica e aeroespacial para reduzir várias vezes o peso e aumentar a resistência mecânica”, lembra.

    O responsável refere que, “numa guitarra, e para além da vantagem peso, há outras vantagens como a estabilidade dimensional e o facto de ser possível desenvolver um projecto em que podemos prever as propriedades finais do produto”.

    A madeira tem os seus caprichos. “Nunca se sabe muito bem para onde é que aquilo caminha”, afirma, garantindo que as fibras oferecem ainda “possibilidade de inovar muito no design”.

    Os ecos que a IDEIA.M recebeu do mercado permitem a Júlio Martins e a João Petiz concluir que “há necessidade de uma empresa com mais conhecimento de fibras compósitas e de um acompanhamento junto das empresas nessa área”.

    Outra empresa alojada na UPTEC dedica-se aos “robôs com uma autonomia de decisão básica, ou seja, conseguem, sem intervenção humana, desempenhar determinadas tarefas sozinhas. Trata-se da OMNITA - Sistemas Autónomos para Monitorização.

    “Posso dar como exemplo: o primeiro veículo que nós temos, um veículo aéreo não tripulado e que é capaz de fazer voo autonomamente. É-lhe dada uma missão, por exemplo fotografar ou filmar uma área, e ele sozinho executa-a”, explica André Figueiredo, engenheiro electrotécnico.

    “Nós cá em baixo apenas decidimos o que ele deve fotografar, que vídeos deve fazer, mas de resto ele desempenha a sua tarefa sozinho, sem controlo remoto”, especifica. André Figueiredo e outros dois engenheiros concluíram que “isto dava jeito para muita coisa” e decidiram “voar” por conta própria e criar uma empresa, a OMNITA.

    As construtoras, por exemplo, recorrem muitas vezes à fotografia aérea para poder fazer o acompanhamento de evolução de obras públicas, grandes vias, pontes, etc. Em vez de um avião, as empresas podem vir a recorrer a uns aparelhos que a OMNITA está a desenvolver.

    São muito mais pequenos, não precisam de uma pista, nem de combustível, porque tem uma bateria, e não levam piloto. “Um deles pode estar oito horas no ar e outro duas horas”, diz André Figueiredo, realçando, assim, outras vantagens que em sua opinião os produtos OMNITA podem oferecer face aos já existentes no mercado.

    Os serviços subaquáticos também estão na mira desta empresa. Como exemplo, André Figueiredo aponta “as inspecções de pilares ou infra-estruturas subaquáticas que, desde que caiu a ponte de Entre-os-Rios, têm sido cada vez mais frequentes”.

    Os robôs podem fazer esse trabalho muito melhor do que qualquer mergulhador. “Não só não há risco para o ser humano como ainda conseguem ir a profundidades superiores, porque os mergulhadores estão limitados em termos de profundidade”, defende o mesmo responsável.

    “Também fornece informações mais precisas porque está muito mais bem equipado”, completa André Figueiredo.
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