Autor: Lusa/AO Online
Estas
posições foram transmitidas por António Costa na abertura do plenário
da 67ª sessão anual da Assembleia Parlamentar da NATO, em Lisboa,
durante uma intervenção que se centrou nos desafios colocados à
segurança das democracias e também sobre a importância da estabilidade
política, económica e social no hemisfério sul. O
líder do executivo português sustentou que a NATO “está em permanente
evolução e adaptação” e que esse “é um dos segredos do seu sucesso
enquanto aliança política e militar”. “Mas
os aliados só podem responder a esse processo de adaptação a um
ambiente internacional em mudança se souberem manter a regra da
solidariedade e da consulta recíproca e não se deixarem tomar por crises
de confiança, como as que surgiram em torno dos recentes acontecimentos
no Afeganistão ou no Indo-Pacífico”, advertiu o primeiro-ministro. Para
António Costa, “a reemergência de um mundo mais multipolar, num
contexto de forte globalização, a alteração do poder relativo, económico
e militar, das diferentes regiões do mundo, a persistência de focos de
instabilidade em regiões vizinhas e a premência de desafios globais como
o terrorismo, as migrações ou as alterações climáticas, exigem que a
Aliança Atlântica dê a resposta adequada a um ambiente estratégico
externo em mutação”. “O centro de gravidade
estratégico da Aliança Atlântica é, como sempre foi ao longo da sua
história, a sua coesão. Sem essa coesão, não teria sido possível no
passado, nem será possível no futuro, enfrentar com êxito as ameaças e
desafios que se colocam à nossa segurança. Por isso, é indispensável
que, pelas suas palavras e pelas suas ações, os Aliados reafirmem a
estabilidade dos laços que os unem e permanentemente transmitam uma
mensagem de unidade”, advogou. Mas António
Costa foi ainda mais longe nos seus avisos sobre a importância da
unidade entre Estados-membros da NATO, dizendo: “Nenhum aliado é
suficientemente forte para enfrentar isolado os desafios globais, nem
nenhum demasiado pequeno para não dar um contributo válido para a
segurança comum”. “Tal como no passado, a
NATO tem de ser forte e coesa para garantir a paz. Esse espírito deve
continuar a guiar as nossas ações, num momento em que conduzimos um
importante processo de reflexão que deverá culminar na adoção de um novo
conceito estratégico no próximo ano, na Cimeira de Madrid”, assinalou. No
seu discurso, que teve menos de 15 minutos, o primeiro-ministro
procurou acentuar a ideia de que Portugal é um país “firmemente ancorado
no continente europeu, mas voltado para o Atlântico”. “Portugal
vê no reforço da cooperação entre a NATO e a União Europeia a melhor
forma de enfrentarmos em conjunto desafios comuns. A NATO e a União
Europeia não são competidores, mas parceiros”, salientou. Neste
contexto, António Costa defendeu a “necessidade de a NATO manter uma
verdadeira perspetiva de 360 graus, fazendo frente aos desafios
existentes a Leste, mas sem descurar a sua ação e presença na vertente
Sul, onde se erguem algumas das mais sérias ameaças à segurança da
Europa, como a instabilidade política, Estados falhados, emergências
humanitárias e terrorismo”. O
primeiro-ministro especificou que, no quadro de uma maior cooperação
entre o Atlântico Norte e o Atlântico Sul, se exige uma maior atenção à
questão da segurança marítima. A segurança
das rotas marítimas, na perspetiva de António Costa, “é essencial para a
liberdade de navegação e para a centralidade do Atlântico no comércio
internacional”. “No atual contexto
geopolítico, precisamos igualmente de discutir entre nós as lições a
retirar dos acontecimentos no Afeganistão e as ameaças e desafios
emergentes. Temos de nos manter atentos ao nosso flanco sul, aos riscos
de alastramento do terrorismo do Sahel para outras regiões de África.
Temos de manter um maior envolvimento com outros parceiros em África, na
América Latina e no Indo-Pacífico, incluindo a Índia”, acrescentou.