Açoriano Oriental
OE2021
BE diz que divergências são de fundo, mas deixa porta aberta para PS reconsiderar

O BE sublinhou que as divergências sobre o Orçamento do Estado para 2021 não são sobre detalhes, "mantendo a porta aberta" para que o PS reconsidere em quatro matérias, sem as quais não tem condições para viabilizar o documento.

BE diz que divergências são de fundo, mas deixa porta aberta para PS reconsiderar

Autor: Lusa/AO Online

Numa reação preliminar à proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), a deputada do BE Mariana Mortágua começou por salientou que "não existem grandes surpresas" face àquilo que já se conhecia quando a coordenadora do BE, Catarina Martins, afirmou, na segunda-feira, que, com o que se conhecia naquele momento, o partido não tinha condições para viabilizar o orçamento.

"As divergências que neste momento existem não são diferenças de detalhe, são diferenças do centro da resposta à crise", explicou a deputada bloquista, fazendo questão de começar por sublinhar o porquê de este orçamento ser diferente dos anteriores.

Apesar desta posição crítica, o BE, segundo Mariana Mortágua, "mantém a porta aberta" à negociação para o caso de o governo "mudar a sua posição" em quatro temas essenciais para o partido, que são travar a vaga de despedimentos, proteger o Serviço Nacional de Saúde, impedir mais recursos para o Novo Banco sem uma auditoria e retirar as pessoas da pobreza com uma prestação social que responda.

"Mantemos a porta aberta para que, se o PS quiser, reconsiderar acerca destas medidas que conhece há meses", salientou, deixando claro que o espaço para reconsiderar existe até à votação na generalidade do OE2021.

Sem este conjunto de quatro matérias essenciais, a deputada do BE recordou as palavras de Catarina Martins e deixou claro que o partido "não terá condições de viabilizar esse orçamento".

Na perspetiva da deputada bloquista, as medidas propostas pelo partido são "sensatas e responsáveis", deixando claro que "há uma coisa que não resolve nenhuma crise que é a chantagem".

"A estratégia que está traduzida no orçamento é uma estratégia ineficaz para responder à crise", condenou, apontando "medidas fúteis e de propaganda" na proposta do OE2021.

Segundo Mariana Mortágua, "o BE é um partido responsável e que quer estar à altura da situação de dificuldade que o país vive".

"Estamos cá para negociar orçamentos nos bons momentos, mas é nos maus momentos, nos momentos difíceis que temos de ser muito exigentes sobre aquilo que propomos ao país e sobre as medidas que negociamos. É apenas a responsabilidade que nos leva a ser tão exigentes com as medidas que estamos a propor e defendendo que elas tenham um impacto na vida das pessoas", assegurou.

A dirigente do BE antecipou que "ninguém perdoaria" o partido se, por exemplo, aprovasse "uma intenção de prestação social que não chega às pessoas" devido às regras determinadas pelo Governo.

"Este orçamento precisa de medidas que façam aquilo que dizem. O que este orçamento não precisa e este momento político não comporta é, por um lado, intenções que não se concretizam", criticou.

Em relação ao Novo Banco, um dos dossiês que tem sido um dos braços de ferro entre bloquistas e socialistas, Mariana Mortágua afirmou que "o Governo tem dito vezes sem conta que o Novo Banco não é matéria de orçamento, que é um assunto que será resolvido entre os bancos".

"Nós abrimos o orçamento, vamos aos mapas orçamentais e temos imediatamente a prova do contrário", criticou, considerando que o facto de o banco ir a défice nem é a questão essencial.

O OE2021, continuou a deputada do BE, "compromete 476 milhões de euros para pagar os prejuízos do Lone Star, havendo dúvidas e indícios da gestão do Lone Star e da forma danosa e ruinosa como o Lone Star está a gerir o Novo Banco, passando a conta para os contribuintes portugueses que são hoje lesados do Lone Star".

"Não podemos aceitar que o Orçamento do Estado continue a comprometer recursos públicos, recursos financeiros para o Novo Banco sem ter uma avaliação da gestão do Lone Star", insistiu.


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