Autor: Lusa/AO Online
"Se a saúde é a prioridade das prioridades, não vislumbramos no documento linhas orientadoras para a crise económica e social, que hoje já é real", diz o partido, em missiva enviada ao presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro.
O texto do BE surge como resposta ao pedido do governante de contributos dos partidos e sociedade civil ao roteiro definido pelo executivo para uma saída com segurança da atual pandemia.
O BE lembra que os Açores "são a região do país com a maior taxa de risco de pobreza" e o setor do turismo é o "mais afetado por esta crise, onde a proliferação de atentados aos direitos de quem trabalha era companhia de milhares de trabalhadores".
Por via disso, prossegue a missiva assinada pelo líder do BE/Açores, António Lima, "muitos trabalhadores estão fora dos critérios dos apoios criados para fazer face aos impactos sociais das medidas de confinamento".
"Sabendo nós que a economia da região está profundamente dependente do mercado interno e do investimento público, as empresas para subsistirem precisam de compradores e as famílias precisam de meios para sobreviverem. Exige-se, por isso, um reforço do investimento público, desde logo no Serviço Regional de Saúde, e mesmo uma análise da sua programação de forma a abreviar a sua execução", prossegue o texto.
O Bloco defende ainda o "reforço do apoio aos trabalhadores que permanecerão em 'lay-off' e em apoio familiar" e a "criação regional de um apoio para quem não se enquadra em nenhuma das medidas de apoio nacionais ou regionais já criadas, pelas suas condições laborais anteriores".
E concretiza: "Neste sentido, chamamos a atenção do senhor presidente do Governo para as medidas em debate no próximo plenário da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores apresentadas pelo Bloco de Esquerda, na medida em que é também presidente do partido que detém a maioria parlamentar e que suporta o Governo".
O BE diz ainda não ter objeções a uma "saída" da pandemia com medidas de "geometria variável", até "tendo em conta a situação em cada ilha individualmente e a situação do conjunto das várias ilhas" açorianas, três delas sem casos de covid-19 e outras sem infetados registados há várias semanas.
"Reiteramos o nosso apoio, com algumas divergências localizadas, ao processo de instauração do estado de emergência e às regras de confinamento adotadas a nível nacional e regional", assinala ainda o partido.