Autor: Paula Gouveia
A Associação de Táxis de Ponta Delgada considera que é excessiva a
limitação do acesso à profissão de taxista a quem possua o 12.º ano, e
pede a revisão das regras de modo a que o mínimo de escolaridade exigida
seja o 9.º ano.
António Feleja, da direção da Associação de Táxis de Ponta Delgada, explica que “esta regra de que se tem de ter o 12.º ano para aceder à profissão de taxista está a prejudicar o acesso à atividade” e “o setor do táxi é um setor que está com necessidade de mão de obra”.
“Eu tenho o sexto ano de escolaridade e tenho todas as condições e todas as capacidades para exercer esta profissão. Como é que um jovem com 9.º, 10.º ou 11.º ano não tem capacidade para exercer essa atividade? Isto é uma injustiça!”, salienta o representante dos taxistas.
Para António Feleja, “quem tem o 12.º ano prefere ir para a universidade ou ter outro tipo de vida; e, por outro lado, quem não tem o 12.º ano tem certas portas fechadas”, quando “estes jovens têm todas as condições para exercerem a atividade - muitos sabem falar inglês corretamente, sabem ler, escrever e fazer contas”, sublinha, lamentando que, “por uma questão burocrática”, estejam impedidos de o fazer”. “Conseguem ter carta de condução, mas não conseguem ter a carteira profissional. Isso é uma injustiça” e “só prejudica o setor”, critica.
Uma injustiça que na sua opinião se agudiza quando a Assembleia Regional, na regulação da atividade de “Uber”, determinou que não é necessária a escolaridade obrigatória. “Para uma área não é preciso e para o táxi é preciso! É isso que eu não entendo”.
Há ainda um outro aspeto que não ajuda no acesso à profissão: a formação para obtenção da carteira profissional tem um custo de 600 euros. António Feleja lembra que houve uma altura em que, através de fundos comunitários, o governo regional apoiava, mas agora isso já não acontece, e a associação gostaria que se recuperasse essa ajuda, nem que fosse de metade do valor.
António
Feleja sublinha que a “mão-de-obra escasseia” e “isso está-nos a
prejudicar”. “Há quem tenha a carteira profissional, mas abandonou a
atividade na altura da Covid e já não quer regressar”, e “depois temos
pessoas com uma certa idade, que daqui a dois ou três anos vão abandonar
a atividade”. Nessa altura, “quem é que vai vir para esta atividade?”,
questiona.
“O táxi é muito importante no dia a dia das pessoas”,
lembra o dirigente da associação que representa 105 taxistas de Ponta
Delgada.