A Carne de Borrego de Santa Maria tem, ao longo dos últimos anos, conquistado apreciadores graças ao trabalho desenvolvido pela Associação Regional dos Criadores de Caprinos e Ovinos dos Açores (ARCOA).
Constituída há cerca de 40 anos na ilha de Santa Maria, o trabalho desenvolvido pela associação, em conjunto com a Federação Agrícola dos Açores e o Centro de Estratégia Regional para a Carne dos Açores, no sentido de classificar a Carne de Borrego de Santa Maria como produto de Indicação Geográfica Protegida (IGP), está a seguir o processo natural e vai permitir expandir os horizontes dos cerca de 70 associados da ARCOA que se dedicam à criação de gado caprino e ovino nas ilhas de Santa Maria e São Miguel.
“Ao longo dos últimos 10 anos, o número de ovinos tem aumentado não só em Santa Maria, mas também nos Açores, criando uma nova fileira alimentar que provém daquilo que é a pressão do consumo, mas também do dinamismo dos produtores que se dedicam à ovinicultura”, assinalou o secretário regional da Agricultura e Alimentação, no decorrer do Azores Meat Summit, evento que terminou sábado à noite, em Ponta Delgada.
António Ventura deu conta que a carne de borrego “é um prato que começa a entrar nos nossos hábitos alimentares, mas também de quem nos visita”, salientando por isso a importância do Azores Meat Summit na promoção deste produto fora de Santa Maria.
Acima de tudo, concretizou o governante, o tempo é de procurar novos mercados para promover a carne, e São Miguel é o espaço idealpara a implementação destaestratégica.
“Este evento [Azores Meat Summit] pretende também que a promoção da carne de ovino seja feita fora de Santa Maria, ou seja, é preciso conquistar novos mercados e nada melhor do que o melhor mercado açoriano, que é a ilha de São Miguel, para promover a carne de ovino”, reforçou António Ventura no decorrer do evento que teve lugar no Serviço de Desenvolvimento Agrário de São Miguel, em Ponta Delgada.
No painel destinado à Valorização da Carne de Borrego de Santa Maria e seu potencial, os chefs Eddy Melo e Vítor Cabral deram conta do enorme valor nutricional e de mercado que o produto tem e pode representar para o setor agroalimentar açoriano, desde que a sua promoção e comercialização seja feita da forma mais assertiva.
Os reputados chefs, que no jantar de encerramento do Azores Meat Summit exemplificaram o potencial da Carne de Borrego de Santa Maria, mas também da Carne de Bovino dos Açores - IGP, contribuíram com as suas confeções para desmontar a ideia que a carne de borrego “é o parente pobre da carne” açoriana.
“As coisas já não são bem assim, já se começam a dar passos significativos. Tem havido um aumento da procura e temos potencial para continuar a crescer e estamos no bom caminho”, assinalou o presidente da direção da ARCOA.
Na altura, e para exemplificar a curva ascendente que o setor começa a descrever, Aníbal Cabral Moura revelou que este ano foi possível escoar para o arquipélago da Madeira, e pela primeira vez, um elevado número de borregos, abrindo desta forma um novo mercado para a Carne de Borrego de Santa Maria que regista a sua maior procura no decorrer das festividades da Páscoa.
Ainda assim, o responsável da ARCOA reconhece que existem mercados onde “está sendo difícil de entrar”, indicando o setor da restauração como um dos entraves para que haja uma maior promoção do produto.
“Daí que trouxemos a este evento dois chefs de renome regional, nacional e internacional, para fazer vários pratos e mostrar que o borrego e o cabrito não se comem só de uma única maneira. E todos vão ter a oportunidade de apreciar e constatar que a carne de borrego é uma das carnes mais saudáveis”, vincou Aníbal Cabral Moura.
Na sua intervenção, o presidente da ARCOA enfatizou a necessidade de conquistar novos mercados para a Carne de Borrego de Santa Maria, sob pena de começar a perder-se todo o trabalho desenvolvido nos últimos anos.
“A
ARCOA tem que agradecer aos produtores, porque é para eles que
trabalhamos e lutamos, porque sem os produtores não há matéria-prima,
naturalmente. E para os cativar, o produtor tem que saber que vai ter
lucro do seu trabalho, porque senão não é fácil! E temos que acabar com a
ideia que os ovinos e os caprinos são o parente pobre da vaca. Isso tem
que acabar”, vincou o dirigente mariense.
