Autor: Lusa/AO Online
“O Air Centre, ao integrar este grupo, passa a fazer parte desta rede que poderá fornecer informação crítica, chave, para todos os processos das Nações Unidas”, explicou Pedro Silva.
Criado em 2018, o Centro Internacional de Investigação para o Atlântico - Air Centre tem sede no Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira (TERINOV).
Envolve parceiros de Portugal, Espanha, Reino Unido, Noruega, África do Sul, Nigéria, Angola, Namíbia, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Brasil, Colômbia, México e Estados Unidos e promove projetos de investigação nas áreas do espaço, atmosfera, oceano, clima, energia e ciências dos dados.
O memorando de entendimento assinado recentemente com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente “vai permitir ao Air Centre colaborar no fornecimento de dados, que serão depois processados em informação”, para “dar apoio às diferentes missões das Nações Unidas”, explicou Pedro Silva.
Em causa estão dados que permitam ajudar a alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável, definidos pelas Nações Unidas para 2030, que vão “da qualidade da água à limpeza dos oceanos”.
Entre os exemplos dados pelo diretor de tecnologia do Air Centre está a observação e monitorização de lixo marinho e de algas, como o sargaço, “que invade as costas do Atlântico e tem impacto na economia e nas pescas”.
“É um memorando bastante extenso, que toca em muitas áreas, sendo as tecnologias de observação da terra e de satélite o principal motor”, salientou.
O Air Centre é o primeiro centro de dados na zona do Atlântico a integrar a rede GRID - Global Resource Information Database (Banco de Dados de Informações de Recursos Globais), criada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
“Apesar de estarmos nos Açores, é uma rede do Atlântico, desde a Noruega até à África do Sul, ao Brasil, ao México. Há uma grande mais-valia para este programa das Nações Unidas em o Air Centre trazer estes contactos todos da rede, porque podem ser parceiros, se alguns dos projetos se desenvolveram aqui”, defendeu Pedro Silva.
A rede integra ainda centros de Arendal (Noruega), Genebra (Suíça), Varsóvia (Polónia), Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), Nairobi (Quénia), Sioux-Falls (Dakota do Sul, Estados Unidos da América) e China.
Representantes de vários centros reuniram-se, esta semana, em Estocolmo (Suécia), para definirem as “linhas estratégicas” de colaboração para os próximos 12 meses, e o Air Centre pretende organizar um encontro, ainda em 2022, nos Açores.
“Estamos muito entusiasmados com esta colaboração e com esta reunião. Foi verdadeiramente estimulante e abriu muitas portas e muitas oportunidades”, frisou o diretor de tecnologia.
Com uma equipa de 22 pessoas e tecnologia da mais recente que existe no mercado, Pedro Silva acredita que o Air Centre terá capacidade para “responder a muitas das necessidades das Nações Unidas”.
O TERINOV, onde está instalado o Air Centre, tem já operacional um centro de dados, com imagens de “muito alta resolução”, que poderão ser partilhadas com outros centros que integram a rede.
“É um projeto a cinco anos, pelo menos. O primeiro ano é o ano em que nos vamos inteirar das capacidades uns dos outros e começarmos a definir interfaces para que possamos trocar informação”, explicou.
Segundo o diretor de tecnologia, o memorando de entendimento vai permitir também “trocar experiência, pessoal técnico, formações, treinos e ‘workshops’”, posicionando o centro para “fornecer serviços juntamente com outras entidades e empresas com quem já colabora”.