Açoriano Oriental
Saúde
Turismo de Saúde impulsiona construção de mais de uma dezena de hospitais privados no Algarve
A oferta de camas hospitalares privadas vai triplicar nos próximos cinco anos, no Algarve, com a construção de mais de uma dezena de hospitais dirigidos aos turistas que visitam a região e ao segmento do Turismo de Saúde.

Autor: Lusa/AO online
Os principais grupos de saúde privada portugueses acreditam que a região conta com sérios argumentos para servir a estratégia de expansão do negócio em Portugal e estão, por isso, a desenvolver projectos de novas unidades hospitalares em Albufeira, Faro e Portimão.
A primeira a abrir portas será a unidade de Faro do Grupo Hospital Particular do Algarve, no final do primeiro semestre de 2009. O hospital está a ser construído ao lado do Campus da Universidade do Algarve em Gambelas, contando com quase uma centena de camas, muitas em quartos privados e suites.
O presidente do grupo algarvio - nascido há 13 anos com a primeira unidade do grupo, em Alvor -, acredita que “o Algarve tem as condições necessárias para se tornar num centro de referência para a prestação de cuidados de saúde”, pelo que não se poupou a equipar a nova unidade com 12 mil m2 com serviço de urgência, unidade de cuidados intensivos e meios de diagnóstico de última geração.
Na mira do investimento, está a população local detentora de seguros de saúde, mas especialmente os turistas que visitam a região. “Há um conjunto importante de novos clientes no Algarve que podem servir a estratégia de crescimento”, observou José Miguel Boquinhas, administrador do Grupo HPP Saúde, que também prevê construir uma nova unidade hospitalar na capital algarvia nos próximos três anos.
O reforço da presença do grupo no Algarve - que conta actualmente com hospitais em Lagos e Faro - serve a estratégia de captar um segmento de mercado capaz de gerar quase 15 milhões de euros de receitas adicionais nos próximos cinco anos.
“O aumento do número de turistas que passam longas temporadas no Algarve, nomeadamente do Norte da Europa, os turistas que passam alguns dias no Algarve... são todos potenciais clientes”, acrescentou.
Tal como a HPP Saúde, também o Grupo Lenitudes, criado há cerca de um ano e liderado por Murteira Nabo, se lançou na corrida aos potenciais clientes trazidos pela imobiliária turística. Para Portimão, tem projectada uma rede de residências assistidas, “urbanizações onde são assegurados cuidados de saúde permanentes”, explicou Luís Carito, vice-presidente da autarquia que é também um dos administradores do grupo.
Segundo o autarca e empresário, essa aliança entre a Saúde e a imobiliária pretende “captar mercados do Norte da Europa, pessoas que possam viver aqui mais tempo durante o ano”.
No centro dessa rede de cuidados de saúde estará a unidade hospitalar que começa a nascer no próximo ano. As suas principais vocações serão a Cirurgia Estética e a Medicina Desportiva, dois “clusters” que Luís Carito vê como diferenciadores na estratégia de fazer do Algarve um destino de Turismo de Saúde.
É que o clima ameno, a vocação turística da região e o preço competitivo dos cuidados de saúde em Portugal, comparados com países do Norte da Europa, dão ao Algarve uma capacidade negocial “acima da média”, observa, por seu lado, Nuno Delerue, o ex-deputado do PSD que encabeça o grupo Sanusquali.
“Qualquer companhia de seguros mundial está disposta a efectuar cirurgias onde for mais barato e em Portugal são. O Algarve capitaliza essa competitividade e ainda conta com uma marca turística forte”, referiu ainda à Lusa.
No próximo ano, o grupo nortenho pretende lançar a primeira de duas “Casas da Saúde” que prevê dispor no Algarve, uma espécie de hipermercado de cuidados de saúde que irá incluir uma unidade de internamento hospitalar com cerca de uma centena de camas.
À procura do mesmo segmento de mercado está um grupo sul-coreano que já manifestou a intenção de adquirir um lote de terreno ao lado do futuro Hospital Central do Algarve - que deverá nascer lá para 2013 no Parque das Cidades (entre Loulé e Faro) - para aí erguer um hotel de saúde.
O mesmo conceito deverá ser implementado em Alvor pelo Grupo Hospital Particular do Algarve, numa nova unidade quer irá construir ao lado da que já dispõe. Em Albufeira, o Grupo Trofa Saúde já constrói um novo hospital com cerca de meia centena de camas, enquanto projecta outro com o dobro da dimensão para as Ferreiras.
No seio de uma nova área residencial e comercial de Faro, no Vale da Amoreira, está já previsto nos instrumentos de planeamento municipais um novo hospital com cerca de 60 camas, em resultado da intenção de investimento manifestada pelo Grupo Mello Saúde. 
Independentemente da designação de cada unidade hospitalar, todos os que entraram nesta vaga de investimento na Saúde privada pretendem trazer ao mercado um misto de hospital moderno e de hotel luxuoso. 
O Grupo Lenitudes chega mesmo a incluir entre os accionistas um operador turístico, a Portimar, na perspectiva de conseguir assim oferecer pacotes que incluam cirurgias e estadias em hotéis de cinco estrelas.
As excepções a este modelo são os que tentam aproveitar as novas franjas de oportunidades, como a contratualização pública de camas de cuidados continuados. É o caso da autarquia e da Misericórdia de Loulé, que vão inaugurar quase meia centena de camas de internamento no próximo ano. No mesmo formato e com a mesma tipologia de promotores, deverá surgir uma nova unidade em Tavira nos próximos anos.
Em Vila Real de Santo António, por seu lado, tenta-se criar condições para abrir uma clínica de reabilitação física. Segundo o presidente da autarquia, Luís Gomes, “a câmara está a tentar estabelecer uma parceria com os Serviços Médicos Cubanos para instalar uma unidade de reabilitação de modelo cubano no concelho, mas o quadro legal ainda não o permite”. O autarca está, por isso, em negociações com a tutela.
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