Açoriano Oriental
Tratamento da tuberculose poupou 20 milhões de vidas em 17 anos
O tratamento da tuberculose permitiu poupar 20 milhões de vidas desde 1995 e a epidemia continua a diminuir, mas 2011 ainda viu surgir 8,7 milhões de novos casos da doença, revela esta quarta-feira a OMS.
Tratamento da tuberculose poupou 20 milhões de vidas em 17 anos

Autor: Lusa/AO online

O relatório anual da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre tuberculose, hoje divulgado, revela que o progresso no combate à doença já permitiu alcançar o Objetivo de Desenvolvimento do Milénio que previa parar e inverter a epidemia até 2015.

O número de novos casos de tuberculose tem vindo a cair há vários anos - diminuiu 2,2% entre 2010 e 2011 - e a taxa de mortalidade associada à doença abrandou 41% desde 1990, o que significa que o mundo está no bom caminho para atingir o objetivo global de reduzir 50% até 2015.

O acesso a tratamentos da tuberculose também se tem expandido "substancialmente" desde que, em meados da década de 1990, a OMS lançou uma estratégia global de controlo da doença.

“No espaço de 17 anos, 51 milhões de pessoas foram tratadas com êxito, seguindo as recomendações da OMS. Sem esse tratamento, 20 milhões de pessoas teriam morrido", alerta Mario Raviglione, diretor do departamento de combate à tuberculose na OMS.

O responsável defende que este número “reflete o compromisso dos governos para transformar a luta contra a tuberculose", mas alerta que a guerra contra a doença ainda não está ganha e está "em grande perigo".

“Estamos numa encruzilhada entre a eliminação da tuberculose durante o nosso tempo de vida e mais milhões de mortes devido à doença", diz.

Segundo os dados da OMS, recolhidos junto de 204 países e territórios, o peso global da tuberculose "continua enorme" e estima-se que, só em 2011, tenham surgido 8,7 milhões de novos casos (13% co-infetados com VIH). Em 2010, quando se inverteu a tendência de crescimento, registaram-se 8,8 milhões de casos.

A organização calcula também que, no mesmo ano, 1,4 milhões de pessoas tenham morrido com a doença (um milhão de seronegativos e 430 mil seropositivos), entre os quais meio milhão de mulheres, o que faz da doença uma das principais causas de morte entre a população feminina.

Apesar dos progressos, a tuberculose continua a ser a segunda maior causa de morte por doença infecciosa no mundo, a seguir ao VIH, e continua a haver grandes variações entre regiões - África e Europa não estão em vias de alcançar o objetivo de reduzir para metade a mortalidade até 2015.

Outro fator de preocupação é a tuberculose multirresistente, cujo combate continua lento. Segundo o relatório, o número de casos de tuberculose multirresistente notificados está a aumentar nos 27 estados mais afetados e, em todo o mundo, atingiu quase 60 mil em 2011, número que a OMS considera ficar aquém da realidade.

A OMS alerta ainda para o problema da falta de fundos e sublinha que faltam três mil milhões de dólares ao programa de controlo e tratamento da tuberculose, que prevê serem necessários oito mil milhões entre 2013 e 2015.

A tuberculose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria e afeta normalmente os pulmões, mas também pode afetar outros órgãos. A doença transmite-se pelo ar quando os doentes afetados com a tuberculose pulmonar expelem a bactéria através da tosse, por exemplo.

Embora seja reduzida a proporção de pessoas infetadas com a bactéria que desenvolvem a doença, a probabilidade aumenta muito quando se trata de pessoas infetadas com o VIH.

Sem tratamento, as taxas de mortalidade são elevadas, mas a taxa de sucesso dos tratamentos foi, em 2010, de entre 85% e 87%.

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