Açoriano Oriental
Trabalhadores da Eletricidade dos Açores fazem contraproposta de aumentos salariais e mantêm greve

Os trabalhadores da empresa Eletricidade dos Açores (EDA) insistem num aumento salarial mínimo de 53 euros e mantêm convocada a greve às horas extraordinárias e deslocações a partir de 2 de junho, revelaram os sindicatos

Trabalhadores da Eletricidade dos Açores fazem contraproposta de aumentos salariais e mantêm greve

Autor: Lusa/AO Online

Na segunda-feira, a administração da empresa reuniu-se com os sindicatos e apresentou uma “última proposta” negocial de aumento salarial de 3,5% e um valor mínimo garantido de 47 euros mensais.

Os sindicatos, que reivindicavam um aumento de 4,7% e um valor mínimo de 53 euros, reuniram-se durante a semana com os trabalhadores, que decidiram rejeitar a proposta da empresa.

Na quinta-feira, ao final do dia, os sindicatos apresentaram uma contraproposta, mas se não houver resposta da empresa admitem avançar com a greve já anunciada, a partir de 2 de junho, e recorrer mesmo a outras formas de luta.

“Os associados do SINDEL decidiram, por larga maioria, dizer não à proposta da EDA e, neste momento, apresentam uma contraproposta, reduzindo de 4,7 para 4% e 53 euros de mínimo de aumento salarial”, adiantou à Lusa o dirigente do Sindicato Nacional da Indústria e da Energia (SINDEL) António Melo.

Segundo o sindicalista, não há uma nova ronda negocial agendada, mas o sindicato já se disponibilizou para voltar a reunir com a empresa para evitar a greve.

“Queremos a todo o custo evitar esta greve para o bem da Região Autónoma dos Açores, para que não haja disrupções de energia desnecessariamente”, frisou.

Os sindicatos estão a aguardar pela definição dos serviços mínimos por parte do tribunal arbitral, mas depois de uma primeira reunião António Melo acusou a EDA de pretender impor “serviços máximos”.

“Na greve, vamos garantir, de forma clara e inequívoca, as necessidades sociais impreteríveis, quando esteja em causa a segurança de equipamentos e instalações”, ressalvou.

Apesar de ter baixado a percentagem de aumento salarial reivindicada, o sindicato insiste no valor mínimo de 53 euros, o equivalente ao aumento do salário mínimo nos Açores, para “afastar as bases remuneratórias de início de carreira da EDA do salário mínimo”.

“A empresa já tem grandes dificuldades em contratar técnicos com os valores do início de carreira. Uma carreira técnica recebe à entrada 1.054 euros e uma carreira não técnica 957 euros”, sublinhou António Melo.

O dirigente do SINDEL disse esperar conseguir ainda chegar a um consenso com a EDA para evitar a greve, mas, se não houver alterações nas negociações, esta poderá ser apenas a primeira paralisação.

“Será a primeira de muitas outras formas de luta que vamos encetar. Que fique claro que não havendo acordo esta não será a única greve. Podemos avançar para uma greve geral. Tudo está em cima da mesa”, avançou.

Também os associados do Sindicato das Indústrias Elétricas do Sul e Ilhas (SIESI) decidiram rejeitar a proposta da empresa e avançar para a greve.

“Já reunimos com todos os nossos associados nas nove ilhas e foi unânime não aceitar a proposta apresentada pela empresa. Numa tentativa de tentarmos chegar a um consenso com a empresa apresentámos uma contraproposta”, afirmou o dirigente sindical Rui Medeiros.

 Para o sindicalista, a proposta de aumento de 4% e 53 euros de valor mínimo é “uma questão de justiça” e nem será suficiente para atingir uma reposição salarial, face às perdas registadas nos últimos anos.

“As carreiras mais baixas já estão a ficar muito próximas do ordenado mínimo e na empresa Eletricidade dos Açores não há necessidade de ter o trabalhador a ganhar o salário mínimo. Tem de haver uma diferenciação positiva”, defendeu.

Rui Medeiros garantiu que os trabalhadores estão unidos nesta causa e que a greve que se inicia no dia 02 de junho poderá não ser a única, mas disse ter ainda esperança num acordo com a empresa.

“Nós temos sempre esta esperança. Até mesmo por uma questão de paz social dentro da empresa. Seria fundamental chegar a um acordo. Não havendo um acordo, há sempre um conflito que vai perturbar o bom funcionamento da empresa”, salientou.

Na segunda-feira, o presidente da EDA, Paulo André, disse que o aumento de 3,5% e 47 euros de valor mínimo representava um “esforço significativo” da empresa, com um custo anual de “mais 1,2 milhões de euros”.

Paulo André lembrou que a empresa é regulada e abrangida pelo mecanismo de compensação tarifária, alegando que este era o valor limite que a EDA podia apresentar.

"Estamos sujeitos a fatores de eficiência, por parte da entidade reguladora, que se não forem cumpridos, os nossos sobrecustos não são totalmente cobertos. A rubrica de custos com pessoal é uma das rubricas onde o regulador não aceita a totalidade dos seus custos já atualmente”, explicou.


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