Açoriano Oriental
Ucrânia
Anúncio de Putin sobre zona de segurança mostra que não quer paz

A Ucrânia considerou que os planos da Rússia para criar uma "zona de segurança" no lado ucraniano da fronteira, no norte do país, mostram que o Presidente russo, Vladimir Putin, recusa procurar a paz

Anúncio de Putin sobre zona de segurança mostra que não quer paz

Autor: Lusa/AO Online

"Estas afirmações agressivas rejeitam claramente os esforços de paz e mostram que Putin continua a ser a única razão pela qual a matança continua", comentou o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andryi Sybiga.

Putin anunciou, na quinta-feira, a criação de uma “zona de segurança” na fronteira com a Ucrânia, que incluiria território nas regiões de Sumy e Kharkiv, no norte ucraniano.

Fontes das forças de defesa ucranianas disseram à agência de notícias RBC-Ucrânia que Moscovo dará prioridade à criação desta zona durante a sua ofensiva no verão e no outono, bem como à tomada total de Donetsk e Lugansk.

Em particular, a Rússia procurará criar um corredor de 15 a 20 quilómetros de profundidade ao longo da fronteira, passando pelas regiões de Sumy e Kharkiv, segundo a RBC-Ucrânia.

Para além de Sumy, Kharkiv e Chernobyl, a "zona de segurança" deverá também incluir partes das regiões de Dnipropetrovsk, Mikolayev e Odessa, que fazem fronteira com o território ocupado pela Rússia, adiantou hoje o tenente-general Viktor Sobolev, membro do Comité de Defesa do parlamento russo.

"Pode haver uma ‘zona tampão’, mas em território russo", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, aos meios de comunicação social, na quinta-feira, acrescentando: "É precisamente por isso que estamos a conduzir a operação Kursk desde o ano passado".

Analistas citados pela agência espanhola EFE questionam a capacidade de Moscovo para fazer progressos rápidos nas regiões de Sumy e Kharkiv.

"Esta não é a primeira vez que Putin fala de uma ‘zona tampão’ na Ucrânia", disse o coronel Andri Kovalenko, do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, na plataforma Telegram.

Oleksi Melnik, ex-conselheiro do ministro da Defesa e especialista em segurança internacional no ‘think tank’ (grupo de reflexão) Razumkov, em Kiev, disse hoje à EFE que "a Rússia tem tentado, sem sucesso, pôr as mãos numa ‘zona tampão’ há um ano”.

Há um ano, a Rússia lançou uma ofensiva em Kharkiv ao longo de uma extensão de 70 quilómetros da fronteira e avançou até 10 quilómetros para o interior, parando pouco depois perto de Lyptsi e Vovchansk, mas desde então não fez progressos significativos, recordou Melnik.

"Há poucos indícios de que a Rússia seja bem sucedida desta vez", acrescentou, apontando para a ausência de grandes reservas a que a Rússia possa recorrer para fazer um avanço significativo, apesar da sua superioridade numérica.

No entanto, o analista advertiu que Moscovo utilizará mesmo o mais pequeno avanço para tentar convencer os aliados da Ucrânia da sua invencibilidade e da inutilidade de resistir.

O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), com sede nos Estados Unidos, sugere que a Rússia poderia utilizar os possíveis avanços em Sumy para pressionar a Ucrânia a ceder território na região durante eventuais conversações de paz.

No entanto, observou, que tomar uma cidade da dimensão de Sumy - com uma população de 256.000 habitantes antes da guerra - está para além das atuais capacidades da Rússia, que não conseguiu capturar grandes centros urbanos após os primeiros meses da guerra.

A presença contínua da Ucrânia na região russa de Kursk também está a dificultar os planos de Moscovo.

Apesar da sua retirada parcial em abril, as forças ucranianas ainda controlam 28 quilómetros quadrados do território russo.

Isto obriga a Rússia a manter cerca de 40.000 soldados no local para conter um potencial avanço ucraniano, disse Melnik à EFE, limitando a sua capacidade de reforçar as ofensivas em Sumy, Kharkiv ou Donetsk.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).


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