Autor: Paulo Simões / Rui Jorge Cabral
O dentista Miguel Sousa Lima foi o convidado do último programa Conversa Fiada, da Rádio Açores-TSF. Há alguns anos que trata da saúde oral dos açorianos e está agora envolvido num novo projecto.
O que vai acontecer na clínica de São Gonçalo?
Queremos uma clínica vocacionada para a medicina dentária mas com todas as valências, ou seja: queremos um espaço onde as pessoas possam chegar e fazer tudo num dia, porque o tempo é hoje precioso. Para isso, temos de ter apoio laboratorial e todos os meios operatórios, incluindo salas de recobro. É o conceito da "clínica num só dia".
Que tipo de tratamentos se consegue fazer apenas num dia?
Todos, dos mais simples aos mais complexos. Quando era criança detestava ir ao dentista, quero agora dissuadir as pessoas deste medo e há maneiras muito simples de o fazer como, por exemplo, oferecer um gelado... No espaço que pretendemos criar, as pessoas poderão ver vídeos, navegar na internet, ir ao bar... Queremos criar uma envolvência ‘lounge’, onde as pessoas se possam abstrair do que estão a fazer e, quando entrarem na área clínica, o objectivo é que as coisas corram o mais rapidamente possível e bem.
Ainda persiste o velho ‘medo’ do dentista?
Acho que ainda há muito esse medo... Reforçado aliás pelos filmes, com dentistas como personagens principais de filmes de terror... Claro que se as pessoas já vão nervosas para o consultório acabam por transmitir esse nervosismo ao próprio clínico. Costumo dizer que prefiro um caso difícil com um doente fácil a um caso fácil com um doente difícil...
Na vossa clínica será possível realizar implantes dentários com médicos locais?
Começámos sensivelmente há uma década a fazer implantes cá com médicos do continente. Mas o problema foi que, a certa altura, tínhamos já uma grande afluência para os implantes e não podíamos estar à espera que um colega viesse do continente. Há seis anos comecei a colocar implantes em Ponta Delgada, depois de ter aprendido com um professor meu e a afluência tem sido muito grande. Há doentes que vêm de outras ilhas, do continente e até luso-descendentes dos Estados Unidos e do Canadá, porque fazer esses tratamentos cá é substancialmente mais barato. Inclusivamente, uma seguradora americana já nos contactou para nos enviar doentes e há muito tempo que fazem isso com a Índia, por exemplo. Para nós, isso é fantástico e acho que é uma forma de abordarmos a questão do turismo médico, que nos Açores não se ouve falar e mesmo no continente muito pouco... Mas acho que essa aposta é muito importante, como o é também a das acções de formação aqui nos Açores, para os colegas de cá, mas também para os do continente, que além da formação aproveitam para conhecer os Açores. *
*Leia esta entrevista na íntegra no jornal Açoriano Oriental de segunda-feira, 4 de Outubro de 2010.