Autor: Lusa/AO Online
Em causa está um corte de quase 10 por cento no financiamento público às universidades que, segundo os reitores, põe em causa a qualidade do ensino assim como a investigação.
De norte a sul do país, os reitores vão ler um comunicado conjunto intitulado "As universidades e o futuro de Portugal", no qual abordam precisamente a situação financeira das instituições.
A iniciativa, coordenada pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), vai ocorrer à mesma hora, em todas as universidades (incluindo as ilhas).
Segundo o presidente do CRUP, António Rendas, "a situação das universidades é muito grave", já que a redução das dotações em 9,4 por cento vai limitar "a capacidade de intervenção".
Em conferência de imprensa realizada quarta-feira no Conselho Nacional de Educação (CNE), após reunião do CRUP com os presidentes dos Conselhos Gerais das Universidades, António Rendas alertou para o risco de os estabelecimentos de ensino poderem "chegar a meio do próximo ano, sem dinheiro para pagar salários".
Rendas referiu ainda que os cortes terão "efeitos imprevisíveis e irreversíveis em todo o sistema universitário", lembrando que o financiamento público já foi reduzido “em 144 milhões de euros, entre 2005 e 2012, podendo este valor atingir os 200 milhões de euros", caso o OE não seja alterado.
Preocupados com o futuro, os reitores decidiram realizar uma série de iniciativas com vista ao esclarecimento das comunidades universitárias, da opinião pública e dos decisores políticos.
Cortes nas despesas com limpeza e segurança e professores dispensados marcam já a realidade diária da Universidade Técnica de Lisboa (UTL), cujo reitor alertou esta semana para os perigos dos cortes orçamentais que ameaçam tornar 2013 um ano "impossível".
Em declarações à Lusa, António Cruz Serra defendeu que "não há instrumentos de gestão" que permitam às instituições funcionar "com um corte de dez por cento depois de já ter sido descida em 30 %" a dotação orçamental para o Ensino Superior".
Na Universidade de Aveiro, o reitor alertou para o facto de os cortes poderem significar fechar cursos, reduzir turmas, dispensar professores ou funcionários. Para o reitor Manuel Assunção, os cortes põem em causa a qualidade do ensino e da investigação.
O reitor da Universidade do Algarve (UAlg) reiterou que a instituição "não pode funcionar" com os cortes previstos no OE, garantindo que já foi feito "tudo o que era possível" para reduzir custos.
Já o Conselho Nacional de Educação considera urgente a intervenção da tutela na regulação do sistema de ensino superior, defendendo que a otimização dos recursos e a criação de maior massa crítica devem orientar a reorganização e diferenciação da rede.
Entretanto, na quinta-feira, o secretário-geral do PS considerou que o corte é uma “asneira enorme” e defendeu a necessidade de o Governo "arrepiar caminho".
Caso o executivo não decida repor a verba, António José Seguro garantiu que o PS iria apresentar, em sede de discussão na especialidade do OE, uma proposta para travar o corte. Na véspera tinha sido a vez da Juventude Social-Democrata (JSD) pedir ao Governo que recuasse.