Autor: Lusa/AO Online
Em declarações aos jornalistas em Ponta Delgada após uma reunião com a Associação de Guias de Informação Turística dos Açores para assinalar o dia mundial do Turismo, o deputado do PS no parlamento açoriano Carlos Silva criticou a entrada do Governo Regional na Associação de Turismo dos Açores (ATA), que se vai passar a designar VisitAzores.
“É mais um exemplo de absoluta contradição do governo, que num dia dizia querer sair da economia e das empresas públicas e que agora entra novamente na ATA”, afirmou, quando questionado pelos jornalistas sobre as alterações ao modelo da associação.
O deputado regional socialista lembrou que o Governo Regional utilizou a “redução dos custos das administrações” como uma das justificações para “extinguir algumas empresas públicas”, enquanto agora vai passar a indicar três pessoas para a administração da associação de promoção turística.“O governo parece não saber o que é que quer para o turismo dos Açores. Num dia diz uma coisa, no outro faz exatamente o contrário. Isso preocupa-nos, como é óbvio”, declarou.
Carlos Silva criticou ainda a “falta de ordenamento turístico” nos Açores, notando que durante a época alta houve “demasiada pressão em alguns locais de interesse turístico” da região.
O socialista realçou a importância de existir um novo Programa de Ordenamento Turístico da Região Autónoma dos Açores (POTRAA), defendendo que a sustentabilidade do turismo na região “pode ficar comprometida” devido à falta de ordenamento.
“É fundamental garantir a sustentabilidade do destino e a conciliação entre a qualidade de vida dos residentes e a qualidade do serviço que prestamos. Entendemos que isso pode ficar comprometido caso não exista um plano de ordenamento turístico”, vincou.
Em maio, o Governo açoriano pediu ao parlamento regional o cancelamento da apreciação do novo POTRAA nomeadamente para analisar o setor entre 2019 e o presente.
A carta do gabinete da presidência do Governo, disponível na página da Internet da Assembleia Legislativa Regional e consultada pela Lusa, apresenta nove fundamentos para o pedido de cancelamento, nomeadamente os efeitos da aprovação da taxa turística regional e a necessidade de ponderar os efeitos, no setor, de “todos os factos e impactos que possam ter existido desde 2019" até 2022.
“O governo retirou à pressa o documento. Podia ter alterado aquilo que apresentou na assembleia. Simplesmente decidiu retirar e neste momento temos um vazio”, alertou o socialista.
A versão do POTRAA atualmente em vigor data de 2008 e está parcialmente suspensa e sujeita a medidas de caráter provisório desde 2010.