Autor: Carolina Moreira
As três Câmaras de Comércio e Indústria dos Açores realçam a importância de haver “linhas orientadoras” para a promoção turística do arquipélago para este inverno, mas expressam algumas preocupações, nomeadamente com o “timing” e a “escassez” de fundos aplicados e ainda com o impacto das medidas em todas as ilhas.
Recorde-se que a Visit Azores apresentou a Estratégia de Promoção Turística do Destino Açores para o Inverno 2024/2025, investindo 2,5 milhões de euros em medidas para “reduzir a sazonalidade” e “aumentar a procura”.
Numa reação ao Açoriano Oriental, o representante dos empresários de São Miguel e Santa Maria diz que, apesar da estratégia e das medidas propostas serem “bem-vindas”, pecam por “tardias” e pela “escassez” de fundos.
“Ficamos estupefactos com a escassez do orçamento. O orçamento é pouco e vem tardiamente. Escassez e timing. O turismo de época baixa precisava de um esforço maior e mais tempestivo e devíamos estar já a preparar a campanha de 2026, em vez de saber como vamos tratar do inverno de 24/25”, considera Mário Fortuna.
Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD), “é bem-vinda a sistematização de uma campanha transversal para todos os Açores para debelar, nem que seja parcialmente, os programas da época baixa. Mas o problema é que o orçamento é insuficiente, é escasso e é tardio. Já estamos em outubro a planear o que é que se vai fazer em novembro. Não dá. Não é assim que se consegue eficácia nas campanhas que se possam implementar”, realça.
Em declarações ao jornal, Mário Fortuna alerta, por isso, que “é bom é que se comece já a fazer alguma coisa e a planear o que vai ser a campanha para o inverno 2025/26 porque o inverno 2024/25 já está em cima de nós e não é assim que se consegue uma eficácia que contrarie a sazonalidade que é um problema que se agudiza entre nós”, aponta.
Já a Câmara de Comércio e Indústria da Horta (CCI Horta), mostra-se preocupada com a possibilidade da campanha da Visit Azores não ter impacto em todas as ilhas, defendendo por isso que “o plano seja especificado”.
“É preciso saber ao pormenor o que é que o plano vai fazer. Porque se for um plano que concentra o investimento na promoção só num ou dois espaços geográficos, sem ter atenção ao resto, será negativo”, salienta Francisco Rosa.
O representante dos
empresários das ilhas centrais destaca os “problemas logísticos
complexos” que existem no arquipélago para “resolver a difusão de
fluxos”, alertando que “não conseguimos, neste momento, pôr as pessoas
em todas as ilhas na medida que nós precisávamos e que as pessoas
necessitam”.
“Portanto, se não tivermos essa logística a funcionar corretamente, qualquer promoção que for feita para os Açores é feita com um impacto muito direto em certas geografias e não na generalidade do arquipélago. E isso para nós é negativo”, afirma, considerando que “é preciso ir um pouco mais além”.
Já a Câmara de Comércio e Indústria
de Angra do Heroísmo é da opinião de que “estão a ser dados os passos
que são necessários para que consigamos quebrar a sazonalidade que afeta
bastante as ilhas e estruturarmos o produto turístico de uma forma mais
consistente”.
Marcos Couto saúda a ligação aérea a Nova Iorque a partir da Terceira na época baixa, explicando que “foi por isso que já apresentámos um produto turístico inovador com a Câmara do Porto, exatamente para fazer uma oferta turística mais articulada”.
Segundo o representante dos empresários da Terceira, a aposta recai sobre um produto turístico baseado nas “cidades património mundial atlânticas” e promove um “programa de ‘stopover’ na ilha Terceira, ligando Nova Iorque e Boston à Terceira e ao Porto”.
De referir que a Estratégia de
Promoção Turística do Destino Açores para o Inverno 2024/2025 pretende
“potenciar o alargamento progressivo das operações aéreas” na Região,
sendo que, das 13 companhias aéreas a operar para o arquipélago, com 32
rotas, seis já terão voos para a próxima época baixa, verificando-se um
aumento de 7826 lugares.