“O passivo que hoje aqui se tentou dizer que iria ficar nas mãos da região uma dívida de 700 milhões - e já se falou em 600 milhões - não será assim. No fim veremos efetivamente o passivo que fica, mas o passivo já era de todos os açorianos”, afirmou o secretário das Finanças, Planeamento e Administração Pública (PSD/CDS-PP/PPM).
Duarte Freitas, que falava na Assembleia Regional, na Horta, no debate de urgência sobre a SATA solicitado pelo PS, insistiu que, “em qualquer circunstância, o passivo” da Azores Airlines “ficaria a pesar sobre os açorianos”.
“Vai haver um passivo, efetivamente, de dívida, que vai ficar [mas] muito longe dos 700 milhões de euros certamente”, reforçou.
O secretário regional lembrou os vários momentos da privatização para destacar o “rigor, a complexidade e a transparência” do processo, que tem respondido às “exigências” da Comissão Europeia e “envolvido os trabalhadores”.
“Há muita matéria ainda a afinar, mas esse passivo que ficará no fim é o que naturalmente os açorianos terão de pegar, mas isso era sempre uma inevitabilidade. Temos é de tentar, é isso que interessa, salvaguardar ao máximo o interesse público e salvaguardar ao máximo a Azores Airlines e os trabalhadores”, reforçou.
Antes, o socialista Carlos Silva anunciou uma proposta para que o parlamento tenha “poderes específicos” para fiscalizar a privatização da Azores Airlines e acusou o executivo regional de “enganar os açorianos” devido ao perdão ou assunção de “700 milhões do passivo”.
No debate, o deputado do PSD/Açores Paulo Simões criticou as “duas caras do PS” e defendeu que “não foi o governo” PSD/CDS-PP/PPM que “deteriorou” a SATA, evocando as responsabilidades dos socialistas que governaram a região de 1996 a 2020.
O social-democrata acusou ainda o maior partido da oposição de “puxar a SATA para baixo”, afirmando que “o PS quer o mal da SATA porque quer mal do governo”.
Por seu lado, José Pacheco, do Chega, denunciou “rotas deficitárias” que causam “prejuízos astronómicos” e avisou que a SATA Air Açores (responsável pelos voos interilhas) não pode ser “contaminada” pela Azores Airlines (que voa da região para o exterior).
“O grande fracasso da SATA deve-se ao PS. Isso é ponto assente. Não há açoriano que não o saiba. Também é certo que o mesmo caminho trilhado continuou depois de 2020”, declarou Pacheco.
O socialista e antigo presidente do Governo Regional Vasco Cordeiro alertou para o risco de incumprimento da reestruturação da SATA, já que a "assunção do passivo não está prevista desta forma" e porque o executivo estimava receber 80 e 11 milhões de euros com a alienação da Azores Airlines e do ‘handling’, respetivamente.
O líder parlamentar do CDS-PP, Pedro Pinto, considerou que os últimos resultados da SATA dão “sinais de estabilização”, enquanto o deputado do PPM João Mendonça denunciou a “amnésia política” do PS.
António Lima (BE) defendeu que o Governo Regional “falhou redondamente no objetivo de salvar a SATA” e alertou para o risco de a empresa ser "comprada com o dinheiro" dos açorianos.
O parlamentar da IL, Nuno Barata, afirmou que o consórcio interessado na Azores Airlines “apresentou uma proposta sabendo que não pode ser aceite” e advogou que é “preciso resolver rapidamente” a “sangria” provocada pela companhia.
