Autor: Lusa/AO Online
Dois meses depois de seis jovens terem morrido quando estavam numa praia dos arredores de Lisboa (Meco) a questão continua a suscitar polémica, havendo sugestões de que estariam a ser alvo de praxes académicas, o fim das quais também tem sido discutido.
O grupo era constituído por sete jovens da Universidade Lusófona e seis deles morreram, a 15 de dezembro passado.
Diana Dias, investigadora do Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior e professora da Universidade Europeia tem estudado e publicado trabalhos sobre as praxes, um deles chamado “Rituais de transição no ensino superior português: a praxe enquanto processo de reconfiguração identitária”.
Em declarações à Lusa salientou não fazer sentido acabar com as praxes, fazendo sim sentido “ter cuidado em perceber se algumas práticas levadas a cabo estão de acordo com as regras”, tanto mais que a praxe é regulamentada e não “selvagem”.
Contra praxes “selvagens” a investigadora defende no entanto o ritual, importante para os alunos de acordo com um inquérito que fez há pouco mais de um ano e no qual tem vindo a trabalhar, “acompanhando” os alunos desde que entraram no Ensino Superior.
No trabalho a investigadora começa por afirmar que a praxe é vista como “um ritual de transição, um conjunto de práticas simbólicas e um rito de passagem” da dependência da adolescência à autonomia da idade adulta.
A praxe tem “uma quota-parte bastante significativa nos rituais iniciáticos do novo estudante”. Tem origem na “polícia universitária” criada em 1308 pelo rei D. Dinis, que institui horas de estudo e de recolher na Universidade de Coimbra, onde os alunos que as não respeitassem eram sancionados por alunos mais velhos.
Diana Dias lembra também que a palavra “praxe” surgiu pela primeira vez escrita em 1863 e que em 1957 se publicou um Código da Praxe Académica, regulamentando uma prática com relevo na luta contra o Estado Novo e que foi proibida durante alguns anos após 1974.
Hoje, salientou a investigadora à Lusa, a praxe tem tal importância que universidades privadas e institutos recém-criados sentem a necessidade de incentivar as praxes “como instrumento importante de integração dos alunos”. “É também uma forma de os manter ligados à instituição”, diz.
E acrescenta: “quando um aluno chega à Universidade sente-se perdido, não sente que haja forma de se integrar. A praxe colmata essas falhas”.
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