Açoriano Oriental
Meta de 15% de áreas marinhas protegidas é “demasiado ambiciosa”

Federação das Pescas afirma ser necessário ter em conta a sustentabilidade socioeconómica do setor na delimitação das áreas marinhas

Meta de 15% de áreas marinhas protegidas é “demasiado ambiciosa”

Autor: Carolina Moreira

O presidente da Federação das Pescas dos Açores, Gualberto Rita, considerou ontem na Horta que a meta de 15% de áreas marinhas protegidas definida pelo Governo Regional é “demasiado ambiciosa” e que é necessário ter em conta a sustentabilidade socioeconómica do setor, relembrando que existem muitos agregados familiares envolvidos na matéria.


“Achamos que é uma área demasiado vasta para a nossa Zona Económica Exclusiva (ZEE), porque temos muito mar, mas a plataforma continental de pesca nos Açores é bastante reduzida e isso tem de ser tido em conta”, disse em declarações ao Açoriano Oriental.


Gualberto Rita que marcou presença na conferência internacional sobre “Governança dos Oceanos em Regiões Arquipelágicas” frisou, no entanto, que o setor das pescas “não quer fugir àquilo que é a responsabilidade e a preocupação da sustentabilidade dos recursos”. “A questão é que a percepção que nós temos é que estão a focar demais nos Açores, esquecendo um pouco a ZEE da Madeira e a do Continente, e isso não pode acontecer”, salientou o representante dos pescadores.


“Até porque, ao longo dos últimos anos, tem sido feito um esforço muito grande da parte do setor, desde os aumentos dos tamanhos mínimos, a implementação da redução de áreas de pesca ou a gestão das quotas, ou seja, há imensas medidas que já foram implementadas que foram penalizadoras para o setor e foram aceites com muito esforço porque visava a sustentabilidade dos recursos”, realçou Gualberto Rita.


Para a Federação das Pescas, os Açores, em “comparação com outras regiões da Europa”, estão “muito bem no que toca à sustentabilidade”, por isso “estranha” que essas medidas sejam aplicadas no arquipélago.


“Nós não estamos contra os 15%, estamos contra os 15% nos Açores”, afirmou Gualberto Rita, assegurando, contudo, que vão “respeitar” a meta, mas “tudo vai depender de onde forem implementadas essas áreas marinhas protegidas”, referindo-se à zona costeira, a mais utilizada pelos pescadores no exercício da atividade.


Sobre o impacto que o turismo tem no mar dos Açores e o facto de as actividades marítimo-turísticas gerarem mais emprego que a pesca a nível nacional, sendo que a Região não é excepção, o representante dos pescadores afirmou que “já estávamos aqui muito antes de existir turismo nos Açores”. Defende que “há que haver respeito por todos os setores - representamos ainda 20% das exportações, portanto não se pode, de um momento para o outro, vir olhar só para os números do turismo”.


Gualberto Rita vai mais longe e frisa que, “ultimamente, sentimos que há forças grandes na Região que têm tentado arrumar a pesca, por isso temos de ter muito cuidado e estamos aqui para reivindicar a todo o custo se for preciso”.

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