Autor: Lusa/AO Online
Referindo conversas "muitas vezes difíceis" com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, Meloni reiterou "a necessidade de respeitar o direito internacional humanitário (...) perante uma situação humanitária em Gaza” que descreveu como “cada vez mais dramática e injustificável".
"Discordamos de várias escolhas, discordamos das propostas recentes do Governo israelita e não hesitamos em dizer isso aos nossos interlocutores, cientes de que não foi Israel quem iniciou as hostilidades e que havia um plano por trás dos ataques desumanos do Hamas e da crueldade contra os reféns", disse Meloni, numa sessão de perguntas na Câmara dos Deputados (câmara baixa do parlamento), respondendo ao deputado Angelo Bonelli, da Aliança Verde-Esquerda (AVS).
Meloni também voltou a condenar os "ataques desumanos" do Hamas e a "crueldade" do movimento islamita palestiniano contra os reféns, pedindo a sua “libertação imediata".
O Governo italiano, um firme apoiante de Israel na luta contra o movimento islamita palestiniano Hamas, até agora nunca condenou a situação humanitária na Faixa de Gaza, que enfrenta um "risco crítico de fome", de acordo com o relatório do IPC (Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar) publicado na segunda-feira.
Meloni adiantou ainda que Itália não pretende retirar o seu embaixador em Israel.
Durante o debate, o ex-primeiro-ministro e líder populista e progressista do Movimento 5 Estrelas (M5S), Giuseppe Conte, pediu aos deputados que se levantassem e realizassem um protesto silencioso contra o "extermínio" em Gaza, o que todos os partidos da oposição fizeram.
"Apelo a todos os colegas: vamos dar um sinal de humanidade. Vamos condenar esse extermínio em silêncio, vamos levantar-nos", disse Conte no hemiciclo, convidando os parlamentares a fazerem um gesto por Gaza.
A primeira-ministra não se levantou, motivando críticas de Conte: “Ela continua sentada, que vergonha”.
Num discurso perante soldados na reserva na segunda-feira, o primeiro-ministro israelita avançou que "nos próximos dias” as forças israelitas entrarão “com toda a força para concluir a operação e derrotar o Hamas".
Netanyahu acrescentou que o seu gabinete estava a trabalhar para encontrar países dispostos a aceitar os habitantes de Gaza, mostrando-se confiante de que "mais de 50%" irão embora, e "ainda mais".
A 05 de maio, Israel anunciou uma nova campanha militar que "conquistaria" Gaza e exigiria o deslocamento interno da "maioria" dos habitantes do pequeno território.
A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 52 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.