Autor: Paulo Faustino
A Junta de São Pedro está a constituir uma comissão de segurança e cidadania para abordar no terreno, de forma estratégica e integrada, o problema que existe a estes dois níveis na freguesia.
A criação desta comissão, que realizará nas próximas duas semanas a sua primeira reunião, foi dada a conhecer pela junta durante a Assembleia de Freguesia realizada na passada quinta-feira à noite.
Além de elementos da assembleia e da junta, a comissão deverá contar com representantes das várias polícias (Polícia de Segurança Pública, Polícia Judiciária e Polícia Municipal), dos bombeiros e do ensino, assim como assistentes sociais, médicos e enfermeiros para potenciar uma abordagem sob diversos pontos de vista: policial, social, educacional e ainda nas áreas da reintegração e toxicodependência.
O objetivo é
traçar diagnósticos, levantar necessidades e adotar as necessárias
soluções, com a ajuda de agentes da autoridade e profissionais
especializados, por forma a “minimizar” os atos de marginalidade e de
desordem pública que se sucedem no bairro das Laranjeiras e, em parte,
na Calheta. Atos que incluem violência, ocupação de imóveis desabitados,
prostituição e consumo e tráfico de drogas, entre as quais sintéticas,
que alimentam um sentimento de insegurança e indignação junto dos
moradores.
A nova comissão, tal como o nome indica, liga a
insegurança com a educação e cidadania, pois - como faz notar o
presidente da junta - a ausência destas últimas favorecem a primeira.
“Todos
os dias somos abordados na freguesia de São Pedro e somos postos ao
corrente de situações terríveis de violência, tráfico de droga,
prostituição, roubos, pessoas sem-abrigo, vandalismo. Enfim, aquilo que é
normal, é corriqueiro já”, desabafa José Leal, assumindo que as forças
da autoridade não conseguem dar resposta “por falta de recursos a todos
os níveis”.
É neste contexto que a junta avançou com a ideia de ser criada uma comissão que, juntando as forças vivas da freguesia (no fundo, pessoas que desempenham funções em São Pedro), abordasse as questões ligadas à segurança e cidadania junto do poder executivo. No sentido também de essas forças vivas darem o seu contributo e haver atuação no terreno.
“Isso de arranjar grupos e comissões de estudo é muito bonito, mas não passa disso. Agora, o que queremos é começar a estudar o problema e atuar dentro das nossas competências (...) Vamos abordar este assunto de uma vez por todas e começar a ir para o terreno de uma forma sábia, aconselhada e não andarmos aqui à espera que outras entidades façam o trabalho - quiçá, daqui a seis meses ainda andaríamos a chover no molhado e a pedir que fizessem alguma coisa”, acentua.
O
que se pretende é que as reuniões da comissão decorram em horário
laboral porque os elementos que nelas participarão “também vão no
cumprimento do seu dever”.
Não descartando a conjugação desta
iniciativa com outras do género em Ponta Delgada, até porque o problema
da insegurança atinge outras freguesias dentro e fora da cidade, José
Leal faz, no entanto, uma ressalva. “São Pedro, devido às circunstâncias
conjunturais atuais e devido a toda a sua complexidade e grandiosidade
demográfica, tem que ter uma abordagem muito específica e merece
arranjar um grupo de trabalho - neste caso, chamado Comissão de
Segurança e Cidadania - que aborde as especificidades da freguesia”.
Indivíduo teve de ser transportado para o continente após agressão violenta
Um indivíduo foi violentamente agredido na passada quinta-feira, no bairro das Laranjeiras, ficando num estado de tal maneira grave que teve de ser transportado e assistido no Continente. Na origem das agressões estarão questões relacionadas com droga, sendo que o agredido já tinha sido preso várias vezes por esse motivo.
O presidente da Junta confirma a ocorrência do que considera ser uma “agressão gravíssima no bairro das Laranjeiras”.
Ainda na semana passada, tal como noticiou o AO, os moradores da rua Monsenhor José Batista Ferreira, no bairro das Laranjeiras e imediações, foram confrontados com um incêndio que deflagrou num imóvel desabitado - local apontado pelos residentes como sendo usado por toxicodependentes para consumo de droga e abrigo durante a noite -, exigindo a intervenção dos bombeiros.