Autor: Lusa
O trabalho baseia-se numa investigação divulgada na revista Nature em 2021, mostrando que o degelo duplicou entre 2010 e 2019 em comparação com a primeira década do século XXI e revela que “o degelo glaciar continuou a um ritmo alarmante”, refere um comunicado do Instituto Hakai, um centro de investigação científica e ensino, localizado na ilha Calvert, no Canadá.
"Nos últimos quatro anos, os glaciares perderam o dobro do gelo em comparação com a década anterior", afirma Brian Menounos, professor da Universidade do Norte da Colúmbia Britânica, no Canadá, cientista-chefe do Instituto Hakai e autor principal do artigo, citado no comunicado.
O estudo, que destaca a velocidade e gravidade do degelo glaciar, aponta como as suas principais causas o clima quente e seco e as impurezas do ambiente que escurecem as massas de gelo e precisa que na Suíça a principal causa do escurecimento foi o pó do deserto do Saara que o vento empurra para norte, enquanto na América do Norte “foram as cinzas, ou carbono negro, dos incêndios florestais”.
“Em contraste com a neve branca refletora, um glaciar coberto de carbono negro absorverá mais radiação solar. Isto aquece os glaciares e acelera o derretimento”, refere o comunicado.
O trabalho utiliza imagens aéreas e observações terrestres de três glaciares no oeste do Canadá, quatro no noroeste do Pacífico dos EUA e 20 na Suíça que estão a derreter rapidamente e são importantes para o turismo e a obtenção de água doce, mostrando que no Glaciar Haig, nas Montanhas Rochosas do Canadá, o escurecimento glaciar foi responsável por quase 40% do degelo entre 2022 e 2023.
Menounos alerta que o “efeito albedo”, ou seja, a capacidade de uma superfície refletir a radiação solar, não é tido em conta nas previsões climáticas para a perda de glaciares, pelo que estas massas de gelo podem estar a derreter mais rapidamente do que se imagina.
"Se pensarmos: 'Bem, temos 50 anos antes de os glaciares desaparecerem', na verdade podem ser 30", diz Menounos, acrescentando serem necessários “melhores modelos” para as previsões.
Chamando a atenção para o impacto do degelo nos ecossistemas humanos e aquáticos, o cientista defende que a sociedade deve questionar-se sobre as implicações da perda de gelo dos glaciares.
"Precisamos de começar a preparar-nos para uma altura em que os glaciares desaparecerão do oeste do Canadá e dos Estados Unidos”.