Autor: Lusa/AO Online
"Os países e instituições da Comunidade Económica e Monetária da África Central (CEMAC) fizeram progressos na sua agenda de reformas nos últimos anos, mas os desafios persistem, incluindo os elevados níveis de dívida e os crescentes desequilíbrios orçamentais e externos, além dos temas da diversificação económica e governação", disse o diretor do departamento africano do FMI, numa nota emitida a seguir à cimeira dos chefes de Estado da CEMAC.
O FMI e as autoridades nacionais regionais "vão trabalhar juntos para alcançar a conclusão das discussões sobre garantias regionais e salvaguardar a estabilidade regional macroeconómica", disse Abebe Aemro Selassie na declaração, na qual afirma que o Fundo "acolhe favoravelmente o empenho dos líderes nas reformas e recomenda mais ações para reconstruir as 'almofadas orçamentais', melhorar a sustentabilidade e a transparência das finanças públicas, mobilizar receitas não petrolíferas, e lidar com as vulnerabilidades da dívida".
Mostrando-se "pronto para apoiar a região na obtenção de um crescimento económico sustentável e inclusivo", o FMI salienta que "são precisas ações ousadas, principalmente para melhorar a transparência nas finanças públicas e no setor do petróleo e gás".
Na nota, Selassie vincou que a taxa de câmbio fixa face ao euro "continua a servir a região bem, ancorando eficazmente a evolução da inflação e reduzindo a incerteza associada ao investimento e comércio internacional".
Entre os principais desafios da região que inclui o lusófono Guiné Equatorial, além de República Centro-Africana, Congo, Gabão, e Chade, Selassie elencou "os elevados níveis de dívida pública, a falta de diversificação, as fraquezas governamentais e institucionais, e poucas melhorias nos padrões de vida e de pobreza", salientando que "o atual ritmo desigual de execução da agenda de reformas limita o crescimento potencial da região e exige esforços acelerados e coordenados para elevar o potencial da CEMAC de forma significativa e duradoura".
Na abertura da cimeira dos chefes de Estado e de Governo da região, na segunda-feira, o presidente dos Camarões apelou a uma "ação urgente" para fazer face à situação económica preocupante da CEMAC.
"Os nossos ativos externos líquidos diminuíram consideravelmente; esta situação é preocupante e exige uma ação urgente da nossa parte para inverter esta curva", advertiu Paul Biya na sua primeira intervenção pública desde o regresso aos Camarões, em 21 de outubro.
No discurso, citado pela agência francesa de notícias France-Presse (AFP), Biya acrescentou: "Se nada for feito, poderemos enfrentar consequências desastrosas tanto para os nossos países, como para a nossa sub-região".
Enquanto os Presidentes da República Centro-Africana, do Gabão e da Guiné Equatorial estavam presentes, o Chade acabou por delegar a representação no seu ministro das Finanças, Tahir Hamid Nguilin, e a república Democrática do Congo enviou o seu primeiro-ministro, Anatole Collinet Makosso, para participarem nestes debates, que contam com a presença de representantes de instituições multilaterais de desenvolvimento.
“Os muitos choques exógenos e endógenos da última década não tiveram um efeito adverso na nossa comunidade”, afirmou Faustin Archange Touadéra, Presidente da República Centro-Africana e atual Presidente da CEMAC, na inauguração oficial.
A CEMAC “demonstrou ser resiliente face às grandes flutuações dos preços dos produtos de base, às crises sanitárias e de segurança sem precedentes, aos efeitos devastadores das alterações climáticas e à escassez de financiamento”, vincou.